A necessidade de lutar pela causa LGBTQIA+

A necessidade de lutar pela causa LGBTQIA+

A necessidade de lutar pela causa LGBTQIA+

Desde o ano em que contei para os meus pais que sou gay, muita coisa mudou na minha vida. Mas a primeira coisa que mudou na vida deles foi o receio do que pudesse acontecer comigo já que vivemos em um dos países que mais mata pessoas da comunidade LGBTQIA+. E assim, me pediram a não exposição sobre o assunto na internet….

Por Deives Picáz/via Mídia Ninja

Porém, conforme o tempo foi passando, a ânsia de vomitar tudo aquilo que doía em mim foi aumentando. Eu já não queria mais me calar diante do que acontece com jovens da comunidade LGBTQIA+ porque, afinal, calado ou protestando, isso também poderia vir acontecer comigo.

Depois de um tempo produzindo conteúdo na internet, meus pais entenderam que falar sobre a minha sexualidade era necessário e poderia ajudar outros jovens que ainda não se sentem confortáveis em falar.

Meu principal conteúdo do Instagram é a inclusão, mas eu jamais deixaria de fora a luta que enfrento todos os dias, que é saber que a cada 26 horas, pais estão perdendo seus filhos para a lgbtfobia.

Foi tão bom unir a bandeira PCD à bandeira LGBTQIA+ porque abrange mais pessoas interessadas por um só dos dois assuntos, mas que acabam se conscientizando por consumir involuntariamente os dois.

A luta não para, a voz não se cala e as cores se exalam!

Precisamos entender que ficar calado não evita nada, mas lutar pelo que é nosso, evita!

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação. 

Resolvemos fundar o nosso.  Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário.

Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Já voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir.

Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. A próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar cada conselheiro/a pessoalmente (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Outras 19 edições e cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você queria, Jaiminho, carcamos porva e,  enfim, chegamos à nossa edição número 100. Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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