A raposa comeu as uvas
Um rastro de escândalos expõe a promiscuidade entre a elite política e financeira, revelando como a impunidade ainda move os protagonistas da crise
Por Ronaldo Lima Lins/Brasi 247
A raposa comeu as uvas… e se viu às voltas com a Polícia Federal. Diferentemente da versão que corria na Antiguidade, quando Esopo criou a sua fábula, a dos nossos dias se refestelou no conforto de sua mansão de 35 milhões. Estabeleceu relações tentaculares com a elite de todas as colorações. Destacam-se os governadores do Rio de Janeiro e de Brasília.
Nesse caso, obteve recursos financeiros extraordinários, com aportes recolhidos de fundos de previdência (Cláudio Castro) e do BRB (o banco distrital de Ibaneis Rocha), a despeito das recomendações em contrário. O que havia de propinas em jogo não se pode calcular nem provar. O pessoal é mestre (ou Master) em discrição nesse quesito.
O banquete com as tais uvas ultrapassou os limites. Chamou a atenção do Banco Central. Daí as iniciativas tomadas pela Polícia Federal, com a prisão do banqueiro, no jatinho particular, quando partia com destino suficientemente longe da legislação brasileira. Onde desembarcaria? Nos Estados Unidos? Lá estão outros fugitivos: Eduardo Bolsonaro, Allan dos Santos, Paulo Figueiredo, para não mencionar Carla Zambelli, em sua escala para a malsucedida cidadania italiana.
A continuar assim, o país vai se transformando num valhacouto de marginais, foragidos da justiça. Junta-se à camarilha Alexandre Ramagem, boa parte deles à custa de salários da Câmara dos Deputados, pagos com remuneração dos nossos impostos. Pelo menos, diga-se a seu favor, Daniel Vorcaro não necessita disso. Deve ter guardado o bastante para o resto de uma vida mais do que tranquila. A contratação de advogados caríssimos não lhe rendeu um habeas corpus, negado pela desembargadora do TRF-1.
Trata-se de uma novela imprevisível, com muitos panos para manga. Cláudio Castro luta para se safar de processos, inclusive do Tribunal Eleitoral, correndo o risco de não poder se candidatar ao Senado. Quanto a Ibaneis, misteriosamente poupado no envolvimento nas tentativas do golpe de 8 de janeiro, se acha mergulhado até os dentes nas ousadias de Vorcaro. Só pelo que realizou de gestões junto ao BRB, tentando comprar o Master para livrar a cara do amigo, seria de se imaginar que estaria com as portas do presídio prontas para recebê-lo.
Positivamente, o país não se cansa de tantos escândalos. Eles têm, na sua maioria, as digitais da direita. Isso para não citar o projeto contra as facções criminosas e a atuação de Hugo Motta e Guilherme Derrite no esforço de tirar recursos da PF e proteger governadores contra os respingos de possíveis investigações. Para azar dos conspiradores, uma proteção superior dá a impressão de poupar o governo, pois sempre surge algo a seu favor e os adversários dão com os burros n’água.
Na fábula de Esopo, a raposa, sem alcançar as uvas, além da sua altura, sai com o rabo entre as pernas, dizendo que estavam verdes. Como fazer no nosso caso? Para os seus comparsas, a indigestão de Vorcaro não convida a prosseguir. Com Bolsonaro à frente, a fila anda.
Nesse caso, obteve recursos financeiros extraordinários, com aportes recolhidos de fundos de previdência (Cláudio Castro) e do BRB (o banco distrital de Ibaneis Rocha), a despeito das recomendações em contrário. O que havia de propinas em jogo não se pode calcular nem provar. O pessoal é mestre (ou Master) em discrição nesse quesito.
O banquete com as tais uvas ultrapassou os limites. Chamou a atenção do Banco Central. Daí as iniciativas tomadas pela Polícia Federal, com a prisão do banqueiro, no jatinho particular, quando partia com destino suficientemente longe da legislação brasileira. Onde desembarcaria? Nos Estados Unidos? Lá estão outros fugitivos: Eduardo Bolsonaro, Allan dos Santos, Paulo Figueiredo, para não mencionar Carla Zambelli, em sua escala para a malsucedida cidadania italiana.
A continuar assim, o país vai se transformando num valhacouto de marginais, foragidos da justiça. Junta-se à camarilha Alexandre Ramagem, boa parte deles à custa de salários da Câmara dos Deputados, pagos com remuneração dos nossos impostos. Pelo menos, diga-se a seu favor, Daniel Vorcaro não necessita disso. Deve ter guardado o bastante para o resto de uma vida mais do que tranquila. A contratação de advogados caríssimos não lhe rendeu um habeas corpus, negado pela desembargadora do TRF-1.
Trata-se de uma novela imprevisível, com muitos panos para manga. Cláudio Castro luta para se safar de processos, inclusive do Tribunal Eleitoral, correndo o risco de não poder se candidatar ao Senado. Quanto a Ibaneis, misteriosamente poupado no envolvimento nas tentativas do golpe de 8 de janeiro, se acha mergulhado até os dentes nas ousadias de Vorcaro. Só pelo que realizou de gestões junto ao BRB, tentando comprar o Master para livrar a cara do amigo, seria de se imaginar que estaria com as portas do presídio prontas para recebê-lo.
Positivamente, o país não se cansa de tantos escândalos. Eles têm, na sua maioria, as digitais da direita. Isso para não citar o projeto contra as facções criminosas e a atuação de Hugo Motta e Guilherme Derrite no esforço de tirar recursos da PF e proteger governadores contra os respingos de possíveis investigações. Para azar dos conspiradores, uma proteção superior dá a impressão de poupar o governo, pois sempre surge algo a seu favor e os adversários dão com os burros n’água.
Na fábula de Esopo, a raposa, sem alcançar as uvas, além da sua altura, sai com o rabo entre as pernas, dizendo que estavam verdes. Como fazer no nosso caso? Para os seus comparsas, a indigestão de Vorcaro não convida a prosseguir. Com Bolsonaro à frente, a fila anda.






