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Agosto: Diabo solto? Mês do desgosto?

AGOSTO: DIABO SOLTO? MÊS DO DESGOSTO?

Agosto: Diabo solto? Mês do desgosto?

Dizem que agosto é de diabo solto na . Difícil precisar de quando vem a crença, mas o fato é que ela vem sendo reforçada ao longo da .

Por Lúcia Resende 

Sabe-se que o nome do oitavo mês foi uma ao imperador romano Augustus, e já naquele tempo acreditava-se no mau agouro do mês, sendo comum atestarem na antiga que uma criatura horripilante cruzava os céus da cidade expelindo pelas ventas.

O fato se dava especificamente no dia 24, data em que se rememora o martírio do apóstolo São Bartolomeu (Natanael), que teve arrancada a pele antes da decapitação (24 de agosto de 51 d.C). Seu crime? Falar de Jesus crucificado.

Desde então, nessa data, ou às vezes um pouco antes, dizem que o diabo escapa do inferno, apronta maldades na Terra, até que o santo prenda o bicho novamente, sempre até o último dia de agosto.

Certeza disso ninguém tem, mas foi num 24 de agosto, no ano de 1572, por exemplo, que, por ordem de Catarina de Médici, ocorreu o massacre da noite de São Bartolomeu, que praticamente dizimou os protestantes franceses.

Não faltam exemplos de tragédias acontecidas em agosto:

  • 1831, os poloneses foram derrotados pelos russos na Revolta de Varsóvia; 1932, Hitler assumiu o governo da Alemanha;
  • 1945, bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki;
  • 1985, acidente aéreo matou 520 pessoas no Japão. E não é só.
  • Em agosto morreram personalidades como Elvis Presley e a princesa Diana, e é alto o índice de infartos, de suicídios, de assassinatos.
  • E há registros inúmeros de , terremotos e conflitos, tudo por conta do diabo solto.

Por aqui, há quem jure que o diabo estava solto e que foi o danado quem deu aquele tiro que matou Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954, e que também foi o malvado quem cutucou Jânio Quadros, provocando a renúncia de 25 de agosto de 1961.

Assim como teria sido ele o responsável pelo acidente que matou Juscelino Kubitscheck, em 22 de agosto de 1976. E que atormentou  os senadores para aprovarem um impeachment sem crime de responsabilidade, no dia 31 de agosto em 2016, no dizer da Senadora Regina Sousa, do Piauí, ferindo de morte nosso sistema democrático:

“Morre a frágil Brasileira, no frescor dos seus 27 anos, se contarmos a partir de 1989, quando este país voltou a ter diretas pra presidente, fruto de memoráveis lutas.”

MÊS DO DESGOSTO

Agosto chega sempre com o aposto, como um alerta: mês do desgosto. A crença veio com os colonizadores, já nas primeiras caravelas. Mês do diabo solto, sempre bom se precaver.

Era no oitavo mês do ano, verão europeu, que os varões portugueses se lançavam ao mar, em aventuras que nem sempre tinham bom desfecho.

Em razão disso, nenhuma donzela se casava em agosto nas terras lusitanas, porque além de não poder desfrutar da lua de mel a recém-casada correria risco de viuvez, caso desafiasse a regra.

Acreditavam, pois, que casar em agosto trazia desgosto. Assim, convencionou-se dizer: agosto, mês do desgosto. Daí a recomendação dos mais velhos de que não se deve casar em agosto.

Pelo sim, pelo não, melhor não arriscar. Afinal, há outros 11 meses do ano para isso!

Lúcia Resende – Revisora voluntária da . Matéria publicada originalmente em 24 de agosto de 2016. 

 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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