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Agosto: mês das juventudes

Agosto: mês das juventudes

Saímos de julho, mês em que ocorreram as comemorações dos 45 anos do Movimento Negro Unificado (MNU) e a celebração do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e do dia de Tereza de Benguela. 

Por Ieda Leal

Entramos então em agosto, mês dedicado às juventudes, que estão presentes em diversos territórios e espaços, seja nas favelas, periferias, nos quilombos, terreiros, no campo, na cidade. 

Em 5 de agosto de 2013, por meio da Lei nº 12.852, foi instituído o Estatuto da Juventude. O documento se tornou um marco da defesa de direitos da juventude brasileira. Esta Lei, que dispõe sobre os princípios e diretrizes das políticas públicas específicas para essa faixa etária, contempla mais de 50 milhões de brasileiros e brasileiras com idade entre 15 e 29 anos.

Por resolução da Assembleia Geral da ONU, desde o ano de 1999, o Dia Internacional da Juventude é celebrado no dia 12 de agosto. A resolução surgiu como uma resposta à recomendação da Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude, reunida em Lisboa, de 8 a 12 de agosto de 1998.

Vale destacar que o governo federal anunciou, no final do mês de julho, o decreto que convoca a 4ª Conferência Nacional da Juventude, um espaço para debater os desafios, afirmar direitos e construir políticas públicas voltadas para as juventudes brasileiras. Essa é a instância máxima de participação popular e de rearticulação da participação social da juventude.

É necessário reforçarmos a reconstrução de programas e projetos voltados às Políticas Públicas para as juventudes, que contemplem toda a sua diversidade, especialmente aos e às jovens negros e negras, como a execução do programa Juventude Negra Viva. Por meio da Caravana Participativa vem sendo construído coletivamente o Plano (PJNV), com o objetivo de formular, de forma democrática e com escutas, as políticas públicas de enfrentamento à violência contra a população jovem e negra.

É sobre esses e essas jovens negros e negras que recaem os mais altos índices de letalidade em homicídios, de encarceramento em massa e de interrupção ao direito básico à vida, impedindo que possam ter seus direitos básicos assegurados através de políticas públicas e iguais oportunidades de desenvolvimento e mobilidade social.

Por essas razões, é imprescindível também lutar pelo bem-viver da juventude negra por educação de qualidade, pela cultura, pelo acesso a lazer, trabalho e renda. Que cada pessoa jovem e negra possa ter a possibilidade de ocupar qualquer espaço de poder.

Vamos reconstruir o país pelas mãos dos nossos jovens! E um VIVA à JUVENTUDE NEGRA, VIVA e organizada!

ieda lealIêda Leal Secretária de Combate ao Racismo da CNTE; Secretária de Comunicação da CUT-GO; Tesoureira do SINTEGO; Coordenadora Nacional do Movimento Negro Brasileiro. Foto: divulgação.

 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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