“Alemão”, meu camarada!

“Alemão”, meu camarada!

Conheci o em 1977, logo depois que cheguei a Brasília, transferido de . Em novembro de 77 fui para a sucursal da revista Veja, onde ele já estava, e a partir daí estreitamos nossa amizade e nosso companheirismo, formando uma dupla inseparável.

Moacyr de Oliveira Filho (Moa)

Juntos reorganizamos o PCdoB em Brasília, participamos da sua Direção Regional e organizamos uma atuante base de jornalistas.

Militamos no movimento sindical e no PMDB. Dirigimos e coordenamos as campanhas de Tolentino e de Aldo Arantes, para deputado federal, pelo DF e por Goiás, no Entorno do DF, especialmente em Planaltina de Goiás, conhecida como Brasilinha, para onde íamos quase todos os fins de semana. Participamos das campanhas pelas Diretas Já e pela Anistia. E da assessoria à bancada do PCdoB na Assembleia Nacional Constituinte, em 1987/1988.

Mas nossa relação não era só . Fui um frequentador assíduo da sua casa no Lago Norte, onde entre conversas políticas, regadas sempre a uma boa cachacinha, abríamos espaço para cantorias de clássicos da caipira, a quem Jaime me apresentou, e para conversas sobre e o Corinthians, uma das nossas paixões.

Quando fui candidato a deputado federal, em 1990, Jaime abriu as portas da Câmera 4, sua produtora de vídeo, para fazer meu programa de propaganda eleitoral na TV, e depois para que eu ali realizasse o documentário sobre Rio – A Terra da Morte Anunciada, denunciando o assassinato de vários líderes rurais daquela cidade do sul do Pará, pelos pistoleiros do latifúndio.

Foi Jaime que me apresentou o raki, um destilado de uva albanês, que trouxe na mala de uma de suas viagens à Albânia, junto com um azeite de oliva não refinado.

Sem falar nos finais de semana no Clube da Imprensa, onde vi seus filhos Carlinhos, Joãozinho e Rosinha crescerem, e nos desfiles do Pacotão.

Durante muitos anos, essa dobradinha se manteve, o que me faz pensar que eu e Jaime, embora com estilos e personalidades diferentes, éramos, de certa maneira, a mesma pessoa. Pensávamos igual, agíamos igual, e tínhamos os mesmos interesses e gostos.

Entre eles, a paixão pelo Corinthians.

Por isso, mesmo estando sem nos ver e nos falar há muitos anos, por termos seguido rumos diferentes nessa fase do outono de nossas vidas, Jaime levou consigo um pedaço de mim.

Siga em paz, “Alemão”, meu camarada. Eu continuo por aqui, lutando as nossas lutas e sonhando os nossos .

Moacyr de Oliveira Filho (Moa)


Salve! Pra você que chegou até aqui, nossa gratidão! Agradecemos especialmente porque sua parceria fortalece  este nosso veículo de independente, dedicado a garantir um espaço de pra quem não tem  vez nem voz neste nosso injusto de diferenças e desigualdades. Você pode apoiar nosso trabalho comprando um produto na nossa Loja Xapuri  ou fazendo uma doação de qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Contamos com você! P.S. Segue nosso WhatsApp61 9 99611193, caso você queira falar conosco a qualquer hora, a qualquer dia.GRATIDÃO!

loja Xapuri camisetas

 

E-Book Por Um Mundo Sem Veneno

[button color=”red” size=”normal” alignment=”center” rel=”follow” openin=”samewindow” url=”  E-Book Por Um Mundo Sem Veneno”]COMPRE AQUI[/button]

Capa Venenos para site 300x300 px 1 1

 

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

REVISTA