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AMAZÔNIA EM CHAMAS: BANCÁRIOS E BANCÁRIAS EM ALERTA

AMAZÔNIA EM CHAMAS: BANCÁRIOS E BANCÁRIAS EM ALERTA

AMAZÔNIA EM CHAMAS: BANCÁRIOS E BANCÁRIAS EM ALERTA

Os efeitos nefastos das mudanças climáticas sentidos nos últimos meses, com a repetição de violentas enchentes e deslizamentos de encostas na Região Sul do Brasil ocorrendo quase em paralelo com secas históricas nos maiores rios amazônicos, começam a assustar o conjunto da sociedade brasileira.

Por Rodrigo Britto

Nas últimas semanas, chamou atenção a fumaça que cobre as cidades da Amazônia e se propaga para regiões distantes, com enorme degradação das condições do ar e consequências terríveis sobre a saúde da população.

É importante reconhecer os esforços do governo federal no tocante ao combate ao banditismo ambiental que tomou conta da Amazônia nos últimos anos, com invasão de terras indígenas, destruição de unidades de conservação, contaminação de rios por mercúrio e morte de ativistas ambientais e lideranças comunitárias e sindicais.

Entretanto, na condição de representante dos trabalhadores e trabalhadoras em instituições de crédito instaladas em seis dos nove estados da Amazônia Brasileira, a Federação dos Bancários dos Trabalhadores em Empresas de Crédito (Fetec-CUT/CN) vem neste dia manifestar o seguinte:

  1. É preciso rever o modelo de desenvolvimento insustentável predominante na região, baseado na pecuária, na extração madeireira e na mineração ilegal, que já provocou a destruição de mais de 60 milhões de hectares de florestas nos últimos 40 anos;
  2. Os bancos precisam rever suas políticas de financiamento de forma a realmente priorizarem os negócios voltados para a bioeconomia e para a restauração florestal, viabilizando o acesso a crédito de empreendimentos individuais e coletivos protagonizados por agricultores familiares, extrativistas e agroextrativistas;
  3. É fundamental que os bancos ampliem sua capilaridade no território amazônico de forma a atender com serviços bancários os enormes contingentes populacionais hoje excluídos de qualquer atendimento;
  4. Os bancos com atuação na Amazônia precisam rever suas estruturas internas de forma a viabilizar o atendimento aos interessados nas linhas de crédito do Pronaf, revertendo os baixos índices de aplicação dessas modalidades na região.

Reiteramos a necessidade de estarmos mobilizados para o ano de 2025 quando a cidade de Belém, no Pará, sediará a Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas – COP 30.  

A nossa Federação permanecerá alinhada com todas as instituições sindicais e da sociedade civil na luta por um modelo de desenvolvimento capaz de reduzir os índices de desigualdade social da região, combater a violência e a criminalidade crescentes e preservar os diferentes ecossistemas do Bioma Amazônico e suas populações tradicionais.


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Rodrigo Britto Presidente da Fetec-CUT/CN.logo

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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