AMÉRICA LATINA

O Brasil reverte a ofensiva da Direita

O reverte a ofensiva da

 

Depois do auge dos governos antineoliberais na América Latina, a direita retomou iniciativa e desatou uma forte contraofensiva de restauração neoliberal. Esse movimento começou com a violenta oposição e o isolamento internacional do governo de Nicolas Maduro, na Venezuela. Seguiu com a vitória eleitoral de Mauricio Macri na Argentina. Continuou com o golpe no Brasil…

Por Emir Sader

Teve seu novo episódio na derrota da consulta popular feita pelo governo de Evo Morales sobre sua possibilidade legal de se candidatar a um novo mandato. E se completou com a reversão do governo de Lenin Moreno que, eleito pela e com o apoio decisivo de Rafael Correa, mudou de rumo rapidamente e passou a aderir ao movimento de restauração conservador no continente.

Este ano seria decisivo para os rumos futuros da América Latina, em particular pelas eleições em dois dos países de mais peso na região – México e Brasil. No México se deu a vitória da esquerda, com a eleição de Lopez Obrador. Mas esse governo poderia ficar isolado e não representar uma virada no conjunto da situação do continente, conforme se desse o resultado eleitoral no Brasil.

A virada conservadora no continente teve no golpe brasileiro seu momento determinante, ao somar à derrota da esquerda na Argentina, um outro governo de direita, desarticulando o eixo que havia sido responsável pelos avanços no processo de integração latino-americana. Desse papel, os dois países passaram a ser referência do novo panorama latino-americano, com predominância de governos de direita.

Daí a importância também latino-americana e internacional das eleições brasileiras deste ano. Caso a direita conseguisse, através de novas artimanhas e violências institucionais, manter-se no governo, a virada para a direita se projetaria como um processo consolidado e longo no . Caso, ao contrário, a esquerda retorne ao governo, muda a correlação de forças na América Latina, com os governos do Brasil e do México passando a ter um protagonismo essencial na retomada da integração continental.

A vitória que se vislumbra da esquerda no Brasil, além do imenso significado que terá dentro do País, brecando a mais brutal ofensiva de direita em muito tempo no País e, ao mesmo tempo, iniciar um processo de reconstrução de um anti-neoliberal, significará que, pela primeira vez, a contraofensiva conservadora terá sido revertida em um dos países em que ela se deu.

O conjunto de eleições presidenciais de 2018, apesar dos triunfos direitistas no Chile e na Colômbia, principalmente, terá um significado de retomada de governos antineoliberais, interrompida com a ofensiva direitista. Caso se confirme a projeção de triunfo da esquerda no Brasil, Lula voltará a se projetar como o maior líder popular no continente e mesmo no mundo, voltando a desempenhar um papel estratégico para o futuro da esquerda na região e no mundo.

Além de que o Brasil imediatamente reassumirá seu lugar nos BRICS, propiciando a retomada da integração latino-americana nesse projeto de construção de uma nova ordem mundial.

O esgotamento da econômica do governo Macri dificulta muito seu projeto de reeleição em 2019, embora não seja claro o tipo de articulação que possa predominar na oposição e suas possibilidades de vitória. O mesmo deve acontecer no Uruguai, em que o governo de Tabaré Vazquez recupera seu apoio popular e a oposição não consegue ter uma candidatura com maior potencial político.

De qualquer maneira, uma eventual vitória da esquerda no Brasil, somada à do México, terá certamente consequências sobre o conjunto do continente e sobre os destinos futuros de vários países. Será possível frear o processo de desintegração da integração latino-americana, que afeta duramente o Mercosul, a Unasur e a Celac, e dar um novo impulso e abrangência a esses processos.

252618 106891716069583 7164057 n 1Emir Sader
Sociólogo
Autor do “O Brasil que queremos. ”

 

 


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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