Amor e Ternura: As armas políticas de Lula

Amor e Ternura: As armas políticas de

Jornal francês analisa foto de Lula e diz que amor e ternura são suas armas políticas

O jornal francês La Croix do 26 de agosto traz uma matéria sobre a foto divulgada pela namorada de Lula, Janja Lula Silva, no Twitter. Na imagem, que viralizou nas redes, o casal aparece abraçado sob o luar em uma praia do Ceará. Para o diário, o amor e a ternura são as armas políticas do candidato à presidência do PT em 2022.
Do portaldoscomuns

“Por meio de uma foto que causou sensação nas redes sociais nesta semana, o ex-presidente brasileiro se apresenta viril, musculoso e jovial para enfrentar seu rival Jair Bolsonaro nas urnas do final de 2022”, diz La Croix.

Em meio a discussões calorosas sobre se a foto divulgada pela namorada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é política ou não, o jornal francês afirma que sim. A correspondente do La Croix em São Paulo, Marie Naudascher, entrevistou um especialista que analisa o registro “para além da ternura”.“A semiótica desta imagem remete a um homem idoso, mas em grande forma, acompanhado por uma mulher mais jovem, enquanto as fotos de Bolsonaro mostram sempre um homem barrigudo e preguiçoso”, nota Paulo Ramirez, de Política da Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo.

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Jornal La Croix, 26/08/2021. © Captura de tela La Croix

Paz e amor

Em um momento em que o bate recordes de desemprego, pobreza e contaminação por , “a política, pela primeira vez, provocou (um pouco de) sorrisos”, diz o jornal.“Lula volta ao seu slogan de ‘Lula paz e amor’ dos anos 2000, e no contexto obscuro em que vivemos, ele está jovial, apaixonado e pronto para a luta política”, analisa Paulo Ramirez, em entrevista ao La Croix.Amor e ternura são temas que podem fazer sorrir, analisa o jornal, completando que Lula quer se apresentar como candidato da conciliação, tanto em relação aos círculos financeiros quanto aos militares que se distanciaram do atual presidente.

“Bolsonaro é sempre impetuoso, ataca as instituições, insulta a imprensa. Em contrapartida, Lula está calmo e pronto para o diálogo, defensor da ”, diz Paulo Ramirez.

 

“É uma foto irreverente, publicada apenas nas redes sociais, compartilhada no WhatsApp e não nos documentos oficiais do PT, é muito boa para uma pré-campanha”, saúda Gustavo Vidigal, doutorando em ciência política e próximo do PT, em entrevista ao La Croix.

 

Musculatura como argumento político

O ex-funcionário do Ministério da do governo Lula lembra que as campanhas políticas são exaustivas em um país continental como o Brasil: “Viajamos dois meses pelo país, pegamos ônibus e avião no mesmo dia, então mostrar que está em boa forma é essencial”.Por fim, La Croix esclarece que a foto foi tirada durante uma recente turnê política “em seu natal” e quase não foi veiculada pela grande imprensa brasileira. “Nem foram publicados seus dez dias de caravana nos estados do Nordeste: Lula já está fazendo alianças políticas com os governadores e a imprensa mal fala nisso”, observa Gustavo Vidigal.Depois de passar 580 dias na prisão por suspeita de , a musculatura de quem governou o Brasil de 2002 a 2010 é, portanto, um argumento bastante político, conclui La Croix. Inocentado e elegível novamente, Lula tem 40% das intenções de voto contra 24% de Jair Bolsonaro, segundo pesquisa publicada em meados de agosto.

 

Fonte: rfi.fr

Capa: Ricardo Stuckert 

https://xapuri.info/leonardo-boff-a-ternura-vital/

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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