Ana Paula Oliveira: “Essa luta não pode ser só minha”
Essa luta não pode ser só minha! Eu aqui com a dor de ter meu filho assassinado. Meu filho foi assassinado com um tiro nas costas. Por que fizeram isso com meu filho? Acabaram com a minha vida. Acabaram com a vida de minha família. Assassinos! A culpa é da sociedade, desses vermes que continuam matando nossos filhos. Essa luta não pode ser só minha! (Ana Paula Oliveira)
Por Redação/O Dia
Revolta e desabafo de uma mãe que lutou e aguardou por dez anos para provar a inocência e fazer justiça pela morte seu filho e vê o júri definir que um assassinato com um tiro de fuzil nas costas é um homicídio culposo. Agora, o Tribunal Militar decidirá a pena do policial.
No dia 6 de março, o PM Alessandro Marcelino de Souza foi condenado por homicídio culposo – quando não há intenção de matar – pelo homicídio de Jonatha de Oliveira Lima, de 19 anos, assassinado durante uma operação policial na Unidade Pacificadora (UPP) de Manguinhos, no ano de 2014, quando o jovem negro voltava a pé para a casa da avó.
Em um primeiro momento, Marcelino alegou ter se deparado com criminosos armados, mas que não tinha atirado. Como o resultado do exame de balística provou que a bala que atingiu Jonatha partiu de sua arma, o policial passou a admitir que havia atirado sete vezes.
Um vídeo em 3D elaborado pela Defensoria Pública do Rio remontou a cena da morte do jovem. O material foi elaborado com base em informações de imagens de satélites, visita ao local, provas dos autos, demais perícias feitas ao longo do processo, depoimentos de testemunhas, além da versão apresentada pelo réu.
De acordo com a Defensoria Pública, havia um protesto de moradores desarmados contra abordagens violentas da polícia, já que, segundo testemunha, agentes teriam xingado crianças que brincavam em um campinho de futebol.
Com isso, o policial atirou tanto para o alto quanto em direção à multidão, atingindo a vítima que passava próximo ao local com a namorada.
Realizado no 3º Tribunal do Júri da Capital, no Centro do Rio, o julgamento que inocentou o PM Martins durou dois dias.
Em frente ao Tribunal, amigos e familiares de Jonatha, além de integrantes de movimentos de defesa dos direitos humanos, realizaram um protesto antes do início do júri.
Um ano antes do assassinato de Jonatha, em 2013, o policial já havia sido acusado de triplo homicídio na Baixada Fluminense. Marcelino chegou a ser preso, mas teve seu caso impronunciado e volto à ativa.
#VIDASNEGRASIMPORTAM!
Fontes: Agência Brasil/ Mídia Ninja no Instagram e O Dia.ig Foto: Reginaldo Pimenta.