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ÂNGELA MARIA: VOZ DOCE E DA COR DO SAPOTI

Ângela Maria

ÂNGELA MARIA: VOZ DOCE E DA COR DO SAPOTI

Resultado de um processo construído

Depois de 89 anos de muito viver, a cantora Ângela Maria (Abelim Maria da Cunha), nascida no Rio de Janeiro no ano de 1929, partiu dos espaços deste mundo no último dia 29 de setembro, em São Paulo, vítima de uma infecção generalizada.

Filha de pastor protestante, desde cedo a menina Abelim cantava nos corais das igrejas onde passou a infância, em Niterói, São Gonçalo e São João do Meriti. Contra a vontade da família, na juventude abandonou os estudos e o trabalho como operária para ir morar com a irmã no subúrbio de Bonsucesso e tentar ser cantora.

Por volta de 1947, começou a frequentar programas de calouros e passou a usar o nome Ângela Maria, para não ser descoberta pelos parentes. O sucesso estrondoso veio nas décadas de 1950 e 1960, tempo áureo do rádio, quando se tornou uma referência e uma paixão nacional ao lado de Maysa, Nora Ney e Dolores Duran.

Durante a década de 1950, atuou intensamente nas rádios Nacional e Mayrink Veiga, como a estrela de “A Princesa Canta”, nome derivado de seu título de “Princesa do Rádio”, um dos muitos que recebeu em sua carreira. Em 1954, em concurso popular, tornou-se a “Rainha do Rádio”, e no mesmo ano estreou no cinema, participando do filme “Rua sem sol”.

Na segunda metade da década de 1960, gravou “Gente humilde”, grande destaque nas paradas de sucesso. Em 1982, foi lançado o LP Odeon com Angela Maria e Cauby Peixoto, primeiro encontro em disco dos dois intérpretes. Em 1992, a dupla lançou o disco “Angela e Cauby ao vivo”, após o show Canta Brasil.

Em 1996, lançou o CD “Amigos”, pela Sony Music, com a participação de vários artistas como Roberto Carlos, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Chico Buarque e outros. O trabalho foi um sucesso, celebrado em um espetáculo no Metropolitan (Claro Hall), no Rio de Janeiro, e um especial na Rede Globo.

O apelido “Sapoti” foi dado por Getúlio Vargas: “Menina, você tem a voz doce e a cor do sapoti”, teria dito o presidente à cantora que ao longo da carreira gravou 447 músicas, em 114 discos, e vendeu cerca de 60 milhões de exemplares, segundo suas próprias contas.

A biografia “Angela Maria: a eterna cantora do Brasil”, escrita pelo jornalista Rodrigo Faour, que reuniu depoimentos e relatos da cantora, foi lançada há três anos.

Fontes: http://www.ebc.com.br – https://www.geledes.org.br/

zeze 1Zezé Weiss
Jornalista
Socioambiental
@zezeweiss

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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