Apesar de tudo, segue calendário eleitoral 2018

Brasileiros se defrontam com fantasmas de golpe militar, eleição indireta, renúncia de Temer, eleições adiadas. O calendário eleitoral, no entanto, não sofreu qualquer alteração.

O locaute promovido por caminhoneiros autônomos e empresas de transportes, ligados basicamente à ultradireita, abalou de forma indiscutível o que resta do governo de Michel Temer. Enfraquecido e de joelhos diante de uma taxa de rejeição jamais vista na História do país, o presidente de facto tem um tempo cada vez menor até as de outubro para realinhar o apoio no Congresso e concluir o mandato.

temer 3

Apesar dos fantasmas disseminados em redes sociais, o calendário eleitoral segue adiante; para o término do mandato de Temer

Diante das incertezas, os brasileiros se defrontam com fantasmas de , eleição indireta, renúncia de Temer. Sites supostamente de e páginas declaradamente alinhadas à extrema direita também inundam as redes sociais com o risco de adiamento das eleições presidenciais.

O ambiente de insegurança é detalhado no artigo do diretor do Instituto , jornalista Celso Marcondes, sob o título “Eleições de outubro não estão asseguradas”, publicado neste sábado.

Calendário eleitoral

“Insegurança jurídica’, ‘ institucional’, ‘insegurança política e social’ (as eleições teriam ocorrido se estivessem marcadas para domingo passado?), no país dos atropelos jurídicos, quaisquer destes argumentos poderia ser utilizado para alterar o calendário (eleitoral)”, afirma Marcondes.

E resume:

“Enfim, às portas da Copa do , algumas certezas; além da no time do Time. E outras tantas dúvidas que levam à outra grandona, bem cruel”.

Apesar das dúvidas deixadas no ar, o calendário eleitoral do país segue intacto. Na próxima terça-feira, “a Eleitoral deve tornar disponível aos partidos políticos a relação de todos os devedores de multa eleitoral, a qual embasará a expedição das certidões de quitação eleitoral”, garante o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em sua página oficial.

Na segunda-feira da semana que vem; o TSE divulgará o montante de recursos disponíveis no Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC). “Observado o prazo-limite para o depósito pelo Tesouro Nacional, no Banco do , até 1º de junho de 2018”; acrescenta a Corte. Demarca, assim, a quantia de recursos a ser empregada nas próximas eleições.

Normalidade

E no dia 5 de julho, uma quinta-feira; está confirmada a data a partir da qual cada partido poderá escolher seus candidatos. A partir daí, portanto, será permitido ao postulante à candidatura a cargo eletivo “realizar propaganda intrapartidária com vistas à indicação de seu nome; vedado o uso de rádio, televisão e outdoor”. No caso, Lula poderá passar sua mensagem aos integrantes do PT, da mesma forma que os demais candidatos.

Ainda que tantas dúvidas, contudo, assaltem o imaginário popular, a ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, instância máxima do Judiciário brasileiro; afirmou em Plenário da Corte, que a é o único caminho para solucionar a crise que o país enfrenta.

— Também as democracias vivem crises. Mas dificuldades se resolvem com a aliança dos cidadãos. E a racionalidade, objetividade e trabalho de todas as instituições; de todos os poderes. A democracia não está em questão. Não há escolha de caminho. A democracia é o único caminho legítimo — destacou a ministra; em franca defesa do processo eleitoral, em curso.

ANOTA AÍ:

Fonte: Correio do Brasil

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

REVISTA