“ASTÚCIA”, POIS É: ‘NÃO CONTAVAM COM A MINHA ASTÚCIA”

 “Não contavam com a minha astúcia”

Chapolin Colorado era mais esperto

Por Alex Solnik/Brasil 247

“Astúcia”- Bolsonaro preso

Bolsonaro diz que usou ferro de solda em tornozeleira: ‘Curiosidade’

Por Marina Rossi/BBC

Jair Bolsonaro (PL) afirmou ter usado ferro de solda em sua tornozeleira eletrônica, mostra um vídeo que contém um diálogo do ex-presidente divulgado pela assessoria do Supremo Tribunal Federal (STF).

O vídeo consta em um relatório da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (SEAPE) emitido no início da tarde deste sábado (22/11).

Segundo o documento, o Sistema de Monitoração gerou um alerta às 00h07 deste sábado indicando violação do dispositivo. Uma equipe de policiais posicionada nas imediações da residência de Bolsonaro, onde ele estava preso em regime domiciliar por medida cautelar, fez contato com o ex-presidente pedindo que ele se apresentasse.

Inicialmente, a informação recebida pelos policiais foi que Bolsonaro havia batido o dispositivo na escada.

Mas quando a diretora adjunta do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (CIME) chegou ao local para verificar o dispositivo, “a tornozeleira não apresentava sinais de choque em escada.”

No vídeo divulgado pela assessoria de imprensa do Supremo, a tornozeleira aparece danificada enquanto uma mulher faz perguntas ao ex-presidente.

– O senhor usou alguma coisa para queimar isso aqui?

E o ex-presidente responde:

– Meti um ferro quente aí.

– Ferro quente?

– Curiosidade.

– Que ferro foi? Ferro de passar?

– Não, ferro de solda.

A funcionária então pergunta que horas Bolsonaro começou a fazer a intervenção e ele respondeu “no final da tarde”.

Ferro de solda é um equipamento elétrico cuja ponta, ao ser aquecida, derrete um metal de solda. Normalmente é utilizado para unir permanentemente dois ou mais componentes metálicos.

A pulseira da tornozeleira, segundo a funcionária diz no vídeo, não foi violada.

O dispositivo então foi recolhido e trocado por outro.

Com base no relatório, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, determinou um prazo de 24 horas, a partir da tarde deste sábado, para que a defesa do ex-presidente se manifeste sobre a violação do equipamento.

Bolsonaro foi preso na manhã deste sábado por ordem de Moraes. O ministro revogou a prisão preventiva em regime domiciliar, na qual o ex-presidente estava desde o início de agosto, a pedido da Polícia Federal, após dizer que foi identificado um risco concreto e iminente de fuga.

Segundo a decisão, esse risco foi identificado após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) convocar uma “vigília” em apoio ao pai nas proximidades da residência do ex-presidente, e ser detectada uma tentativa de violação da tornozeleira que ele usava.

Bolsonaro foi transferido para a Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, onde deve permanecer em uma Sala de Estado, local de detenção especial reservado para autoridades.

A decisão ainda será submetida ao referendo da Primeira Turma do STF, que deve realizar uma sessão virtual extraordinária na segunda-feira, das 8h às 20h.

Moraes também rejeitou o pedido da defesa de Bolsonaro para que ele fique em prisão domiciliar por motivo humanitário. Seus advogados argumentam que, pelas condições de saúde dele, a cadeia pode representar um “risco à vida” do ex-presidente — que, segundo eles, sofre de “doença grave de natureza múltipla (cardiológica, pulmonar, gastrointestinal, neurológica e oncológica)”.

Bolsonaro é o quarto ex-presidente da República preso no Brasil em sete anos

 
Imagem de uma tornozeleira eletrônica preta com sinais de derretimento.
Legenda da foto,Imagem do vídeo da tornozeleira eletrônica de Bolsonaro danificada
 
 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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