ATÉ A FORMIGA DESAPARECEU

ATÉ A FORMIGA DESAPARECEU 

Até a formiga desapareceu

Debaixo de um sol implacável, temperaturas elevadas e sem precedentes e uma seca na bacia amazônica que já é considerada histórica, Inaíra Melo de Freitas, indígena do Tukano, procura passagem por áreas menos rasas no rio Tarumã-Açu, em Manaus, no Amazonas. Ela segue o imperativo da grande vazante que vem afetando a população da região em 2023, orientando-se pelo instinto e por um conhecimento que somente agora está acumulando, adaptando-se ao que não estava acostumada.

Por Elaíze Farias/Amazônia Real

O Tarumã-Açu é afluente da margem esquerda do rio Negro e é considerado periurbano, ou seja, está na transição entre as zonas urbana e rural de Manaus. Ele é um dos mais largos e extensos da capital amazonense, ocupando uma área de 1.372,73 quilômetros quadrados. No início da estiagem, a paisagem natural mudou rapidamente. A visão de sua margem, atualmente, é árida e seca.

“Fiz essa mesma travessia no mês passado e não estava assim. Hoje, quando fui apanhar vocês, quando vi o bote naquela fundura, me surpreendi. O Tarumã-Açu não fica desse jeito nem na seca normal”, disse à reportagem da Amazônia Real, que acompanhou Inaíra em uma travessia que levou quase três horas subindo o rio Tarumã-Açu, até o porto do Braguinha, antes de chegar na aldeia Branquinho. Na estação seca de anos anteriores, esse mesmo percurso pelo Tarumã-Açu leva apenas uma hora.

Prevaleceu a habilidade de Inaíra dirigindo o motor de 7HP e a necessidade de descermos do pequeno bote pelo menos seis vezes para empurrar a embarcação, e com cuidado para não danificar apetrechos de viagem e mantimentos de

Na maior parte das três horas do trajeto, era possível avistar a areia do fundo do rio Tarumã-Açu. O medo de picada de arraia também estava presente. Para nosso alívio, parece que elas simplesmente sumiram ou foram se refugiar em áreas menos aquecidas. Felizmente foi uma viagem sem incidentes.

Ao fim da viagem fluvial, foram necessárias mais duas horas a pé, por áreas afetadas pela seca [e que fica encoberta pelas águas na estação chuvosa] até a aldeia Branquinho, subindo e descendo barrancos, atravessando fios de água e pisando e quebrando folhas secas, mesmo com a umidade vindo das copas das árvores.

Em Manaus, todas as 61 comunidades rurais ribeirinhas estão sendo impactadas pela estiagem e pela seca histórica de 2023, com um volume de chuva muito abaixo do normal. Segundo dados da estação do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), não houve registro de chuvas em Manaus no mês de outubro. São ao menos 11.014 pessoas vivendo nessas áreas, segundo a prefeitura de Manaus.

A Coordenação das Organizações Indígenas de Manaus e Entorno (Copime) afirma que ao menos 20 aldeias indígenas do entorno da capital amazonense estão em situação de vulnerabilidade e isoladas. Elas estão nos rios Tarumã-Açu, Tarumã Mirim, Baixo Rio Negro e Cueiras. Moradores dessas áreas já estão sem acesso a Manaus, conforme relatos de muitos deles nas redes sociais. A população indígena de Manaus, segundo o Censo do IBGE de 2023, é de 71 mil pessoas.

“São comunidades que vivem de atividade turística e de venda de artesanato, mas não está chegando apoio para elas nesse momento”, diz Marcivana Paiva, coordenadora da Copime.

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Fotos: Juliana Pesqueira/ Amazônia Real

PROVISÕES DA FLORESTA

A jovem Inaíra, de 23 anos, é a cacica da aldeia Branquinho, onde vivem 15 famílias predominantemente da região do Alto Rio Negro, como Tukano, Tariano e Pira-Tapuia. Há também ribeirinhos e indígenas de outras regiões.

A comunidade foi criada por seu pai, Batista Freitas Tukano, e é configurada como assentamento, embora não tenha título do Incra. Desde a gravidade da seca, a comunidade ainda não recebeu atenção de ações humanitárias, cestas básicas ou água potável das autoridades públicas.

As provisões atuais vêm apenas da floresta e dos roçados, mas os recursos alimentares começam a ficar escassos, com as famílias passando dificuldades para prover meios de subsistência.

O impacto da seca atinge todas as famílias ribeirinhas e indígenas do entorno de Manaus, que enfrentam dificuldades de acesso à alimentação e à água potável. A aldeia Branquinho é uma das mais distantes e esquecidas. “Colocam dificuldade para vir aqui. Dizem que é muito longe. A nossa realidade é essa, um sofrimento para ter água, para molhar planta, para fazer farinha”, relata Inaíra.

No local, a bica que fornece água por uma bomba d’água secou. Os moradores temem cavar cacimbas pelo receio dos sedimentos poluídos. “Se for fazer cacimba, tem que cavar de um metro e meio para baixo. Pode desbarrancar. Embaixo só tem aquela água branca, que não é boa para consumir”, explica Júlio César Miranda, também indígena Tukano.

Os indígenas de Branquinho não possuem renda fixa – apenas Inaíra, professora de educação indígena, e sua irmã, agente de saúde, possuem remuneração. Eles cultivam seus próprios alimentos, mas o roçado de mandioca e macaxeira tem sido deixado de lado por causa do calor inclemente.

“Essa água vem da nascente, usamos a bomba. Mas sem água, não tem como subir pela bomba. Graças a Deus temos o nosso igarapé, onde a gente toma água e se banha. Muita gente já veio aqui nos outros anos, prometendo as coisas, dizendo que vão ajudar os indígenas, mas eles não vieram. Diga isso em seu trabalho”, pede Inácia de Melo, 63 anos, mãe de Inaíra.

FRUTOS ATRASADOS

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Foto: Juliana Pesqueira/Amazônia Real

O aumento incomum da temperatura afetou a rotina da comunidade, suas atividades de sobrevivência e lazer e influenciou o ritmo da natureza e das plantas. A combinação da alta temperatura com a seca extrema trouxe muitos problemas. Até mesmo as espécies vegetais estão alteradas. Júlio César Miranda, também indígena do povo Tukano, falou do atraso da colheita de alguns frutos nativos cultivados na comunidade.

“Agora que está aflorando o mari. Ano passado, nessa época, ele já estava dando. Até o tucumã. Tem uns cachos que estão surgindo, mas outros ainda não. A mesma coisa com a bacaba. Já era pra ter dois ou três cachos nas árvores. Está tudo atrasado e fora de época. A colheita que a gente esperava não acontece”, diz ele.

Inácia Melo é uma mulher forte e vistosa. Mas o calor tem derrubado suas forças até no roçado, onde ela costumava ir todos os dias. “Antes aguentava trabalhar até as 10 da manhã, capinando no roçado, fazendo tudo. Agora eu não consigo. Fico até as 9 horas e nem sempre vou. Por causa do calor.

Está muito quente este ano, parece um vapor. Até aqui embaixo deste tapiri, onde estamos, a gente não aguenta”, relata Inácia. Os tapiris são pequenos abrigos construídos com galhos e folhagens para proteção do sol e da chuva.

Os peixes também sumiram do Tarumã-Açu. Miranda conta que uma noite dessas saiu com seu pai para pescar e voltou apenas com “dois matrinxãzinhos”. Uma refeição escassa para quem tem família extensa. Na seca de 2022, nesse mesmo período, ela costumava pescar até 30 peixes.

“Quando começa a aquecer (o rio), o peixe vai para fora. A água começa a aquecer e eles vão mais para o fundo, para longe. A água aquece e eles não conseguem respirar. Aí fica mais dificultoso conseguir pescar”, afirma Júlio César.

Clemência Alba Cândido, de 79 anos, pertence ao povo Pira-Tapuia. Ela veio para Manaus há 49 anos e mora em Branquinho desde sua criação, na década de 1990. Ela diz nunca ter testemunhado uma seca tão grandiosa quanto a deste ano. “Esse ano secou demais, nunca vi dessa forma”, afirma.

Carmelita de Melo, de 66 anos, do povo Tariano, afirma que sua dificuldade de mobilidade causada por uma doença é agravada pelas condições climáticas. Nas viagens que fez recentemente, foi salva pela ajuda do marido. 

“A gente tem que vir puxando, puxando [o bote] e onde é mais fundinho a gente embarca de novo. Eu não aguento, sou doente. Tem sido muito difícil para trazer as coisas quando consegue dinheiro ou quando dá pra pegar peixinho”, relata.

O AVISO DA NATUREZA 

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Foto: Juliana Pesqueira/Amazônia Real

Os impactos cotidianos das mudanças climáticas ainda são um exercício para a população amazônica, especialmente para aquelas que são desproporcionalmente afetadas. Há escassez de comida e o calor aniquila estoques de peixe. Essa pouca adaptação para a seca extrema vem sendo destacada por como Renato Senna, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

“As populações ribeirinhas de uma forma ou outra adquiriram resiliência para as cheias na região com adoção de medidas como a construção de passarelas elevadas nas áreas inundadas, construção de marombas para elevação dos pisos das moradias.

É claro que estas medidas por si só não anulam completamente os efeitos das grandes cheias, porém, com secas muito severas as populações ficam muito mais vulneráveis, sem acesso ao transporte, alimentos, energia, educação, saúde, e por aí vai … o impacto da seca severa e a redução drástica dos níveis dos rios impacta, a meu ver, de forma muito mais severa esta população”, afirma Senna.

As populações ribeirinhas e os povos indígenas da Amazônia conhecem o ciclo de interação do clima com solo, fauna e flora. Sabem identificar os sinais quando algo não está bem, mas alguns deles são perturbadores. “A nossa natureza fala, ela sente. Ela nos ensina quando algo está errado e quando as pessoas duvidam dela ou da ciência”, diz Inaíra.

Marcivana Paiva, coordenadora da Copime e indígena do povo Sateré-Mawé, está habituada a transitar na floresta nas tantas viagens que faz nas comunidades indígenas de Manaus e de seu território originário, na Terra Indígena Andirá Marau, no Baixo Rio Amazonas. Ainda assim, ficou impressionada com a sensação térmica que sentiu enquanto caminhava na trilha da aldeia Branquinho no último sábado.

“A gente sente um vapor vindo debaixo, do chão. Nunca senti antes. A mata não é a mesma. A própria decomposição do pau é rápida. A quentura é muito forte. Eu nem estou falando do perímetro urbano, mas daqui, da floresta, onde estamos. Não é apenas a seca do rio, mas a seca dentro da floresta, que é úmida. Até a formiga desapareceu”, diz Marcivana.

Para ela, a seca amazônica deste ano pode servir de referência para análises sobre as condições climáticas em várias partes do . “Manaus é um sinal vital do planeta. O que está acontecendo aqui mostra que o planeta não está bem”, afirma Marcivana.

Na quarta-feira, 11 de novembro de 2023, o rio Negro, em Manaus, chegou a 14,16 cm.

As últimas grandes cheias ocorreram em 2005 e em 2010, quando também havia influência do (aquecimento do oceano Pacífico) e aquecimento do Atlântico. Em setembro de 2023, a velocidade do rio Negro foi a mais acentuada em 120 anos. Nos últimos dias, ele tem descido em média 12 centímetros.

IMPACTO NA POPULAÇÃO 

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Foto: Juliana Pesqueira/Amazônia Real

O climatologista José Marengo, um dos mais importantes cientistas do País, afirma que as ameaças climáticas, como a falta de chuvas, estão aumentando a vulnerabilidade da população. “Os peixes, os botos, estão morrendo.

Possivelmente como consequência do calor.”  Em entrevista à Amazônia Real, Marengo disse que, este ano, os impactos da seca são muito mais graves para população ribeirinha e pequenos agricultores.

“O ribeirinho não tem como transportar carga porque o rio está muito baixo. Mais do que anomalia climática, o que está aumentando é realmente o impacto na população. A gente não pode combater o aquecimento, temos que nos adaptar.

Mas se a ameaça ficar muito grande, fora de controle, aí podemos passar do ponto de inflexão, e vivermos situações graves e irreversíveis”, alerta o cientista, que é coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

Manaus enfrenta o que possivelmente seja uma inédita onda de calor. A população tem enfrentado sensações térmicas acima do normal, com oscilações atípicas de temperatura. 

Especialistas já alertaram que condição climática na região é resultado de dois fenômenos naturais – aquecimentos dos oceanos Pacífico e Atlântico –, mas cujas consequências estão sendo agravadas por impactos das ações antrópicas, ou seja, a mudança climática. Isso já vem acontecendo na parte leste da Amazônia, segundo Marengo.

Ele lembra que em outros períodos estes fenômenos já ocorreram, como em 1983 e em 1998, anos de forte pressão sobre a floresta, com aumento de focos de calor e incêndios florestais. Mas há um diferencial em 2023.

“Isso é efeito dos oceanos, mas os modelos climáticos mostram que, além desse efeito, a devastação da Amazônia poderia agravar ainda mais isso, com secas mais extensas. Esses aquecimentos dos oceanos acontecem há vários anos, mas agora temos um pano de fundo, que é o aquecimento global, que são (sic) resultado das ações humanas. Seria normal, entre aspas, porque já aconteceu no passado. O problema é que está acontecendo mais intensamente”, explica.

Marengo diz que ainda há incerteza se chegamos no ponto de “não retorno” ou “ponto de inflexão”, pois para ele ainda há chance de mudar esse curso. Mas ele destaca que o calor intenso registrado em 2023, e possivelmente também em 2024, são situações esperadas apenas para os próximos 30 ou 40 anos. Não agora.

“Estamos em uma situação de emergência climática. Temos crises climáticas acontecendo. Falar de colapso climático significaria… aí não daria tempo de agir nada. Ainda estamos a tempo de agir. Seguir o Protocolo de Paris. Reduzir as emissões”, recomenda ele, com .

Ambientalista e ativista pela proteção das águas amazônicas, o educador Valter Calheiros afirma que a vazante severa dos rios, ciclo natural que parece estar descontrolado e sem comparação nos últimos , é o fato mais relevante e por isso merece toda atenção da sociedade.

“Neste ano a vazante apresenta um rigor que causa impactos na das pessoas que habitam os beiradões dos rios, lagos, igarapés da Amazônia”, diz Calheiros.

Ele também ressalta que outro fator que vem se agravando são as queimadas em área rural e urbana, tendo como consequência muita fumaça, que impede a população de ver o outro lado do rio.

“Esconde a cidade em uma cortina cinza, transformando o ambiente natural sombrio e os espaços de varandas e pátios impróprios para se apreciar a paisagem.

Isso pode, num próximo, transformar as comunidades em lugares abandonados pelas famílias que migram para a capital em busca de melhores condições de saúde e educação aos filhos, deixando para trás bens materiais e muitas histórias de vidas cravadas nas saudades dos roçados, criação de galinhas e patos, pescarias, torneios de futebol e na realização sempre animada de festas das famílias nas comunidades”, afirma.

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O rio Tarumã-Açu – Foto: Juliana Pesqueira/Amazônia Real

Para Calheiros, o maior impacto a se verificar é a paisagem seca com a falta d’água nos leitos de rios criando sentimento de distância e abandono. “Diante das emergências da estiagem diária estamos tão somente apagando fogo e reclamando da fumaça. Não temos parlamentos legislativos e governos discutindo possibilidades de projetos permanentes para proteção dos ”, conclui.

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Elaíze Farias (foto abaixo) – Jornalista. Fonte desta matéria na íntegra (editada por limitações de espaço): Amazônia Real. 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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