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Ayahuasca: Um balanço cidadão da Conferência no Acre

: Um balanço cidadão da Conferência no Acre

Neste momento não escrevo mais como membro da Comissão de Organização da segunda edição da a II Conferência Mundial da Ayahuaska, parte indígena, que aconteceu na cidade de Rio Branco, no espaço da Universidade Federal do Acre-UFAC, entre os dias 17 a 22 de outubro. Escrevo como simples observadora, exercendo meu direito de cidadã com minha liberdade de expressão…

Por Jairo Lima

Tento aqui organizar essa colcha de retalhos das memórias do que me foi possível acompanhar de perto durante esta Conferência.

Sobre minhas emoções… bem, montanha russa é pouco para descrevê-las.

Mas, deixando minhas emoções de lado, esse evento mudou de fato minha rotina e a rotina de estudantes universitários, professores, Daimistas de igrejas locais, juristas, curiosos, e até de “fofoqueiros de plantão”, que puderam atualizar suas pautas venenosas.

Durante uma semana essas pessoas transitaram entre centenas de estrangeiros de diferentes países (cientistas, médicos terapeutas, neo-xamãs, produtores e idealizadores do evento), e alguns representantes que, apesar das inúmeras dificuldades para participarem, conseguiram de alguma forma marcar presença e mandar o seu Yuimakim para o mundo.

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Foto: Sérgio Vale

QUANTO AOS ESPANHÓIS

A equipe da organização do evento, coordenada pelo antropólogo espanhol Oscar Perés, não posso deixar de reconhecer que foi de fino trato na relação pessoal com as representações indígenas, e comigo mesma quando nos reuníamos para tratar assuntos relacionados à Conferência, conteúdos a serem debatidos com a participação dos índios, etc. Sempre se mostraram pessoas atenciosas e gentis.

No entanto, nos bastidores, a rádio cipó informou que eles “estavam de cabelo em pé no Hotel… Que estavam meio de saco cheio dos índios… Que em toda produção do evento, a parte mais difícil e problemática era a dos índios…”

A rádio cipó só confirmou o que eu já havia percebido durante algumas reuniões de trabalho com o coordenador do evento.

Tentando esconder sua chateação, mas em tom sempre gentil, respondendo a nossa insistência em colocar representações indígenas em algumas mesas dos cientistas ocidentais, ele afirmava: A Conferência não é indígena. A conferência é científica. E/ou: os índios são apenas convidados!

Os Txais entendiam de outro jeito. Entendiam que eles – representantes indígenas – eram os anfitriões. Essa galera estava chegando à terra deles. De onde essa semente, hoje mundialmente conhecida como Ayahuaska, há cem anos voou que nem semente de sumaúma, pelo mundo afora.  Além de considerarem que os assuntos abordados pelos cientistas em suas mesas diziam respeito a eles, a vida deles. E eles queriam estar entre essa turma que anda falando deles e das coisas que eles são guardiões há séculos.

Mas a arrogância e o elitismo científico, levados por alguns “doutores” do assunto, não permitem que abram mão do formato acadêmico de suas conferências. Não sabem como estabelecer esse diálogo fora de suas “caixinhas” com os índios. E são os índios que não estão preparados para esse diálogo? Conta outra história, pois essa já caducou cara pálida!

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Foto: Dedê Maia

QUANTO ÀS IGREJAS DAIMISTAS …

Com esse seguimento, aparentemente, os Txais sempre se entenderam. Como sabemos existem até parcerias fortes entre alguns Txais e algumas igrejas.

No entanto, existe uma queixa entre algumas representações indígenas, expressas aqui em algumas reuniões durante a conferência, e essas queixas são um tanto antigas, com relação ao processo, encabeçado por uma dessas igrejas, para a legalização da Ayahuasca e autorização para o trânsito livre dessa bebida entre centros ligados a elas, espalhadas pelo mundo.

Esclarecem que não houve a intenção. Mas a ação isolada, sem a inclusão dos índios na parada, não deixou de existir. É um fato. Tanto é que hoje para um índio transportar sua garrafinha de cipó quando viaja, é necessário estar atrelado a alguma igreja, caso contrário [a garrrafa] fica retida na polícia federal, como já aconteceu diversas vezes. Apenas as igrejas têm essa licença. Não é interessante? Pra não dizer que isso é uma tremenda sacanagem com os índios. E a historinha se repete! Mesmo com as melhores das intenções.

Conversando com meu amigo, o historiador Marcos Vinícius, durante a conferência, ele me lembrou de um fato bem significativo que me fez pensar muitas coisas. “Quinhentos e dezesseis anos depois estamos nós aqui reunidos com Igrejas, Europeus (em sua maioria espanhóis), e índios!”

Verdade! Só que agora, embora muitos digam que os “índios” não estão preparados para esse diálogo, e aí depende em quais parâmetros se baseiam e se estabelecem essas afirmações, o fato é que esses nossos txais não andam mais nus, não falam mim no lugar de eu, e dominam altas tecnologias do mundo ocidental, além de suas próprias tecnologias e ciências tradicionais.  Sou moderno, Sou Índio!

Nessa lista de txais e txaias, me vem à memória Biraci Nixiwaka, Tuwe Nilson Saboia Huni Kuin, Zezinho Yube Huni Kuiz, Tashkã Yawanawá, Julia Kenemani Yawanawá, Nedina Yawanawá, Eliana Yawanawá, Ninawá Huni Kuin, Benki Ashaninka, Luiz Nukini, José Luiz Poyanawa, Sabá Machineri, Francisco Apurinã… E outros que somam a esse olhar atento em direção aos que chegam, e o que eles nos trazem.

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Foto: Dedê Maia

QUANTO À PATRIMONIALIZAÇÃO …

Ah, meu amigo! Esse “Palavrão” ficou na berlinda entre os índios. Os Txais, com dificuldades até para falar tamanho “palavrão”, muitos deles, a maioria, não tinham, e creio que ainda não têm, a noção clara do que isso significa. Que história nova é essa que esse pessoal está trazendo para as rodas de conversa dos índios? Essa era a pergunta que circulava entre os Txais.

Meu amigo José Correia, liderança do Povo Jaminawa, durante uma reunião paralela a conferencia, presidida por representantes da UNESCO, cientistas, representantes de igrejas Daimistas, e alguns representantes indígenas, que debatiam a patrimonialização da Ayahuaska, perguntou: Mas… o que vocês querem mesmo? Por que esse interesse todo com essa bebida que vocês chamam de Ayahuaska? E pra que serve mesmo essa tal de pa-tri-mo-nia-li-za-ção?

Sabemos que Ayahuasca (vinho da alma) é a denominação em quéchua dessa bebida e adotada pela conferência. Os Txais não gostaram desse genérico. Em suas falas afirmaram isso.

Cada povo, dos quatorze Povos Originários que habitam a região da Amazônia Acreana, tem uma denominação diferente para este chá sagrado: E que também não é uma simples denominação linguística. O nome fala da bebida em si, mas também da espiritualidade que ela nos traz, os rituais de cada povo, etc. – Esclareceu o Professor Joaquim Maná Huni Kuin, Professor Doutor pela UnB em língua Hãtxa Kuin, sua língua materna.

Assim temos o Kamarãpi entre os Ashaninka; o Kamalãpi entre os Manchineri; o Hori entre os Nokê Koi; o Uni entre os Yawanwá; Nixi Pae entre os Huni Kuin…

A pergunta que meu amigo José Correia fez, ficou no ar.  Não teve resposta. Pelo menos não de forma clara ainda para o povo da floresta.

Esse fórum abrigava os interesses dos estrangeiros que defendem a Ayahuaska como patrimônio da humanidade.

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No entanto, não posso deixar de citar o esforço de pessoas que tentaram ajudar nos esclarecimentos, como a equipe do IPHAN da representação do Acre, na pessoa da Dra. Andreia Bahia Prestes, do Historiador Deivesson Gusmão, a historiadora Célia, e o historiador Marcos Vinícius, que mesmo em tempo corrido devido ao ritmo da conferência, onde não sobrava tempo para nada se aprofundar, ainda assim se dispuseram a esclarecer para as representações indígenas, em reunião paralela, o que significava essa palavra “patrimonialização”, e por que era importante tombar a Ayahuaska como um Patrimônio.

Mas aí também vem outra pergunta de parentes mais esclarecidos, como Daniel Iberê Mbya: será que esse tombamento garante mesmo os direitos ancestrais dos povos originários que utilizam essa bebida sagrada? Uma pergunta com fundamento, pois o que vemos neste país são patrimônios abandonados, violados, entregue a própria , e/ou aos interesses econômicos. Também tenho cá minhas dúvidas!

 

Foto: Bia Labate

História nova e ainda bem confusa para os Povos da Floresta, mas que necessita de uma discussão profunda sobre essa questão entre os Txais. Sabemos que na Europa já existe plantação do jagube e da chacrona e que já estão processando a “ayahuaska” em gel.

Um dos diretores do Iceers, logo após o evento publicou uma matéria onde afirma que já foi comprovada a eficácia da Ayahuasca com fins terapêuticos, sem necessidade de nenhum ritual. Ou seja, excluindo todo o valor cultural, espiritual que os “índios” milenarmente praticam com essa bebida.

Essa atitude desrespeitosa desse diretor responde a pergunta do meu amigo José Correia. Responde a pergunta de muitos Txais e à minha própria. Qual o verdadeiro objetivo dessa conferência? A matéria assinada por esse diretor, e publicada no AC24hs, responde.

Isso me lembra algumas páginas da história do Acre… Ciclo da borracha… Ingleses levando o nosso ouro negro para a Malásia… Pois é…!!!

Com relação a este tema tão delicado de registro e patrimonialização, as representações indígenas decidiram, e expressaram através de carta elaborada no final da conferência, a qual foi encaminhada à organização do evento, que somente através de “um diálogo majoritariamente indígena, os participantes indígenas desta Conferência tomarão a decisão relacionada aos assuntos abordados neste evento, sobretudo, aqueles de caráter mais relevante, como patrimonialização e registros.”

Na carta também expressam a necessidade de se “criar um Grupo Técnico (GT) sob a coordenação e orientação dos indígenas para a realização de consultas, em respeito aos detentores do conhecimento sobre a Ayahuasca e ao Decreto nº 5.051, de 19 de abril de 2004, que diz que o Brasil deve respeitar a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, e consultar as comunidades indígenas antes das obras (consulta prévia), da forma que as próprias comunidades escolherem para ser consultadas (livres;), bem como terem o acesso a todas as informações que existem sobre o empreendimento (informada).

Os representantes indígenas ainda apontaram a necessidade de se “constituir um conselho ético para discutir o assunto da origem e definir critérios sobre o uso e a patrimonialização da Ayahuasca, e a partir dessa perspectiva e entendimento, realizar reuniões com as igrejas e demais segmentos que utilizam essa bebida sagrada”. Segundo estes representantes: “só assim poderemos apresentar nossa posição sobre os assuntos em pauta.”

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Foto: Sérgio Vale

QUANTO AO OBJETIVO PRINCIPAL DA CONFERÊNCIA …

O objetivo era “promover um espaço de diálogo, partilha e aprendizagem, sinergia e colaboração, no respeito pela das tradições da ayahuasca”.

Já na apresentação da primeira mesa, constituída por representantes indígenas, como o ilustre professor Joaquim Maná Huni Kui foi percebido qual seria o tom da conferência. O “diálogo, partilha e aprendizagem, sinergia e colaboração”, não iriam se realizar entre debatedoras indígenas e plenárias. O tempo estabelecido para essa dinâmica, idealizada pelos organizadores, não foi pensado para incluir as representações indígenas nesse debate. Apenas foram incluídos, me atrevo a dizer, como mera formalidade.

Questionando o formato e tentando com os organizadores alguma possibilidade deles flexibilizarem com relação ao tempo e ao espaço para as falas dos representantes indígenas, logo percebi que esses cientistas, idealizadores do evento e organizadores, não sairiam de suas “caixinhas” cheia de “sapiências” para uma roda de conversa com os Txais.

Definitivamente, essa galera não está preparada para esse diálogo com os Povos da Floresta.

É aquela velha história… São os “índios” que sempre têm que se adequar as tecnologias e ferramentas dos não-indígenas para esse diálogo. E esses organizadores, ao serem criticados, ao invés de refletirem e se olharem, preferem taxar os “índios” de causadores de problemas.

Estes organizadores ficam morrendo de medo com as críticas que venham a público. Não têm humildade para ouvir as vozes descontentes e com elas aprenderem um pouquinho sobre esses universos culturais dos Povos Originários. Não se propõem a entenderem a linguagem dessa “gente verdadeira” (os ).

Gente que usa uma linguagem sem hipocrisias, pois não precisam florear com palavras adocicadas e poéticas suas falas para expressarem suas convicções, suas insatisfações, e pedidos de respeito aos seus direitos como guardiões seculares dessa bebida que hoje o mundo conhece como Ayahuasca.

Claro que isso não significa abrir campo de “” contra essas pessoas, mas firmar um posicionamento político, onde essas vozes sejam ouvidas e respeitadas, da maneira que elas são em sua origem, sem floreios.

É isso!

Outras memórias existem, mas essas não serão compartilhadas publicamente, pois a intenção aqui não é polemizar, nem “criar tempestade em copo d`agua”, como ouvi de algumas pessoas.

Assim, compartilho esta memória, que junto às demais que guardo, entre muitas coisas, me fizeram pensar e avaliar sobre o tempo que ainda tenho nessa passagem terrena, e como quero continuar contribuindo com esses parentes.

O que eu quero mesmo é trabalhar dentro das aldeias, dentro das Terras Indígenas. É lá que as coisas precisam chegar. É para esses parentes que habitam a nossa floresta de muitas jóias, tão cobiçadas pelo mundo ocidental capitalista, que direciono o meu olhar, o meu esforço, a minha contribuição e minha aliança.

Huax!

 

ANOTE AÍ:

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Dedê Maia é indigenista com décadas de experiência e trabalho junto aos povos indígenas do Acre. Sua trajetória de vida e de trabalho mescla-se totalmente a história de lutas, desafios e vitórias dos povos indígenas do Aquiry. O relato cidadão de Dedé sobre a II Conferência Mundial da Ayahuasca deverá servir de importante ponto de reflexão no preparo de eventos e parcerias futuras.

Foto de Dedê Maia: Ion David.

Fonte originária desta matéria: cronicasindigenistas.blogspot.com.br


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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