Balbúrdia: UFMG cria espuma que absorve agrotóxico da água e dos alimentos

Balbúrdia: UFMG cria espuma que absorve agrotóxico da água e dos

Esponja identifica e extrai quatro pesticidas sem afetar nutrientes

Por: Litza Mattos/otempo
O plástico é um dos materiais que pertence à família dos polímeros e, provavelmente, o mais popular. O seu uso, no entanto, vem sendo questionado em relação aos malefícios gerados ao . Mas, após estudar alternativas sustentáveis para esse material, pesquisadores da Federal de Minas Gerais (UFMG) conseguiram desenvolver uma espuma de poliuretano capaz de detectar e absorver herbicidas da água e dos alimentos.
O material foi produzido pelos próprios pesquisadores, usando como matéria-prima resíduos da indústria petroquímica (catalisador de ) e componentes naturais, como o óleo de mamona, conforme explica a engenheira química e pesquisadora pós-doutoranda da UFMG Marys Lene Braga.
Essa composição inédita deu a um material com “grupos químicos que facilitam essa interação com o pesticida”, ou seja, com propriedades para que a espuma identifique apenas .
Em seguida, foram feitos testes com quatro pesticidas mais frequentes (organoclorados, clorobenzeno, atrazina e trifluralin). Exames complementares também foram aplicados para investigar se a espuma não extraía também os nutrientes dos alimentos, e ambos os resultados foram satisfatórios.
Ou seja, a espuma conseguiu retirar os agrotóxicos dos alimentos sem comprometer suas propriedades nutricionais. “A eficiência é em torno de 70% da espuma com resíduo, e com o resíduo puro chega a 95% de remoção do pesticida”, explica Marys.
Em outra etapa, foi analisada a capacidade de recuperação da espuma, de acordo com o do laboratório de engenharia de polímeros e compósitos (Lepcom/UFMG), Rodrigo Oréfice. “Fizemos a imersão dela em meio aquoso (água com ácido e o pH mais baixo) e conseguimos extrair o contaminante e recuperar a espuma para nova utilização.
Dessa forma, o contaminante fica contido, podendo gerar outros produtos ou ser destinado mais corretamente”, explica Oréfice. A espuma resistiu a cinco ciclos de reutilização sem chegar a saturar.

[smartslider3 slider=25]

FLASH
Reconhecimento. As pesquisas já duram dois anos, e o foi publicado no “Journal of Hazardous Materials” em março de 2018. A pesquisadora da UFMG tem a patente do produto publicada desde julho de 2017. Os pesquisadores esperam que o abra portas de contato com o setor produtivo e empresas.
MINI ENTREVISTA 
Marys Lene Almeida – Engenheira química – UFMG
De que forma a espuma minimiza impactos no meio ambiente?
Primeiro, conseguimos retirar pesticidas de sistema aquoso, assim como de alimentos. Hoje, por exemplo, a água para consumo humano é tratada com carvão vegetal, cujo custo é muito maior do que o custo da espuma. Ou seja, ela apresentou uma aplicabilidade técnica, econômica e ambiental, em larga escala, extremamente viável.
Como a espuma poderia se tornar comercial?
A ideia é que a espuma faça parte de embalagens usadas no supermercado. Ou que a partir dela possa desenvolver um polimérico para que, quando este envolver a fruta, esse filme consiga detectar e remover o pesticida. Mas esses estudos ainda têm muito o que avançar. Por exemplo, se pegar um alface e colocá-lo na água com a espuma, o pesticida da alface não vai passar para água. Ainda é preciso desenvolver um método para isso.
Fonte: https://www.otempo.com.br/interessa/saúde-e-ciência/ufmg-cria-espuma-que-absorve-agrotóxico-da-água-e-dos-alimentos
Foto da pesquisadora Marys Braga: Uarlen Valerio


[smartslider3 slider=33]


Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

REVISTA