Beatriz Souza: Dedicação, Disciplina e Ouro
O caminho até o topo do pódio olímpico é longo e árduo para todo atleta, e para a judoca Beatriz Souza, campeã olímpica na sexta-feira (2/8) em Paris, a jornada de quase 20 anos não foi diferente.
Neste sétimo dia de competição, Beatriz realizou o sonho com que todo atleta sonha: subir ao lugar mais alto do pódio nos Jogos Olímpicos.
Em uma final emocionante e com uma técnica impecável, ela derrotou israelense Raz Hershko, na categoria 78kg, conquistando assim o ouro olímpico, o primeiro para o Brasil e a terceira medalha do judô nesta edição.
“Está sendo incrível, é uma sensação inexplicável. Estou transbordando de felicidade e tudo isso é fruto da dedicação em cada treino, da disciplina, das abdicações que foram necessárias. Essa vitória confirmou que eu estava no caminho certo”, disse Beatriz logo após a vitória.
Durante todas as lutas, a concentração e o foco da judoca brasileira foram destacados por aqueles que acompanharam os confrontos. Beatriz representou a essência do esporte de alto rendimento, em que não existe sorte, mas sim disciplina, treino e dedicação. Essa foi a lição deixada pela gigante Bia nos tatames da Cidade Luz.
“Treinamos muito e estávamos focados em fazer o que tinha que ser feito. Consegui ter uma audição seletiva e, independente de quem estava à minha frente, concentrei-me na minha técnica e no que era necessário ser feito. Vim para colocar em prática tudo o que treinei”, relata a campeã olímpica.
O caminho
E não é de hoje que a dedicação de Bia se destaca. Ela já carregava o judô no sangue desde o nascimento. Seu pai, Poscedonio José de Souza Neto, foi judoca e, ao ver o interesse da menina, incentivou-a a seguir carreira na luta. Aos sete anos, quando entrou em um tatame pela primeira vez, no projeto social Curumim, em Peruíbe (SP), seu primeiro treinador, o sensei Samuel Lopes, reconheceu na menina um talento natural para a arte marcial.
“Ela era muito disciplinada, assim como o pai, que já treinava conosco desde 1981. Bia ficou aqui até os 17 anos, em um ambiente agradável, e sempre teve um grande potencial, até ser contratada pelos clubes.
Ela é um fenômeno e está sempre entre as melhores”, conta o sensei. Fundador do projeto social e da Associação de Judô Budokan de Peruíbe, há mais de 40 anos, Samuel Bastos oferece aulas gratuitas de judô para crianças em situação de vulnerabilidade social.
Da academia de Peruíbe (SP), Bia seguiu sua trajetória até chegar ao Pinheiros, de São Paulo, onde hoje é treinada pelos ex-judocas Maria Suelen Altheman (que ganhou dela a vaga em Tóquio, em 2021, e adiou seu sonho de disputar a primeira Olimpíada) e Leandro Guilheiro.
No currículo, possui bronzes no Mundial de Budapeste, em 2021, e no de Doha, em 2023, além de uma prata em Tashkent, em 2022. Chegou a Paris como a número 5 do mundo. E agora, é campeã olímpica.
Bolsa Atleta
Essa trajetória tem a marca do Governo Federal. Há sete anos, Beatriz Souza recebe a Bolsa Atleta, concedida pelo Ministério do Esporte, na categoria Pódio, a mais alta do esporte de alto rendimento. Durante esses anos, a judoca recebeu um investimento de mais de R$ 819 mil para se dedicar exclusivamente aos treinos e à preparação para as competições.
“É isso que o Bolsa Atleta faz pelo esporte brasileiro. O incentivo vai diretamente para os nossos atletas, o que faz toda a diferença na preparação deles. Ver a Bia conquistar esse ouro hoje, em Paris, nos emociona e mostra que estamos no caminho certo. O Ministério do Esporte tem investido e valorizado os atletas de alto desempenho brasileiro, e isso ninguém pode negar. Parabéns, Bia, você nos orgulha muito”, disse o ministro do Esporte, André Fufuca.
O DNA do Bolsa Atleta é “onipresente” na delegação brasileira que está em Paris para representar o Brasil nos Jogos Olímpicos. Levando em conta o edital mais recente, de 2024, 244 dos 279 atletas na capital francesa fazem parte do programa, um percentual de 87,4%. Se a análise considerar o histórico dos atletas, 271 dos 279 já foram integrantes do programa do Governo Federal em alguma fase da carreira (98%).
Em 27 das 39 modalidades em que o país está representado na França, 100% dos atletas integram atualmente o programa de patrocínio. A Bolsa Pódio garante repasses mensais que variam de R$ 5.500 a R$ 16.600, com o reajuste anunciado em julho de 2024 pelo presidente Lula.
Com informações do Ministério do Esporte
Um dos maiores programas de incentivo direto ao atleta no mundo
O Governo Federal mantém, desde 2005, um dos maiores programas de patrocínio individual de atletas no mundo. O público beneficiário são atletas de alto rendimento que obtêm bons resultados em competições nacionais e internacionais de sua modalidade.
O programa garante condições mínimas para que se dediquem, com exclusividade e tranquilidade, ao treinamento e a competições locais, sul-americanas, pan-americanas, mundiais, olímpicas e paralímpicas.
Desde 2012, com a Lei 12.395/11, é permitido que o candidato tenha outros patrocínios, o que propicia que atletas consagrados possam ter a bolsa e, assim, contar com mais uma fonte de recurso para suas atividades.
Seis categorias
São seis categorias de bolsa oferecidas pelo Ministério do Esporte: Atleta de Base; Estudantil; Nacional; Internacional; Olímpico/Paralímpico e; Pódio. A partir da assinatura do termo de adesão, os contemplados recebem o equivalente a 12 parcelas do valor definido em cada categoria:
– Atleta de Base (R$ 370);
– Estudantil (R$ 370);
– Nacional (R$ 925);
– Internacional (R$ 1.850);
– Olímpico/Paralímpico (R$ 3.100) e;
– Pódio (R$ 5 mil a R$ 15 mil).
Prioridades: O dinheiro é depositado em conta específica do atleta na Caixa Econômica Federal. A prioridade é para atletas de esportes que compõem os programas dos Jogos Olímpicos e dos Jogos Paralímpicos. Em seguida, o benefício se destina a atletas de modalidades chamadas não olímpicas – que compõem o programa dos Jogos Pan-Americanos e outras que não fazem parte dessas competições.
Impactos:
O impacto da Bolsa Atleta foi comprovado mais uma vez nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, disputados em 2021. Na edição olímpica, 19 dos 21 pódios do país (90,45%) tiveram a presença do Bolsa Atleta.
A conexão entre os medalhistas e os repasses federais não esteve presente apenas no ouro do bicampeonato olímpico do futebol, porque o masculino não integra o Bolsa Atleta, e na prata de Rayssa Leal, no skate street, porque a jovem de 13 anos ainda não tinha idade suficiente para integrar o programa, cuja adesão é possível a partir dos 14 anos.
Ao todo, foram seis ouros, cinco pratas e oito bronzes com atletas contemplados pelo programa executado pelo Ministério do Esporte.
Já nos Jogos Paralímpicos, na campanha mais vitoriosa do Brasil na história, a digital do Bolsa Atleta esteve em 68 das 72 medalhas obtidas pelos atletas nacionais, ou 94,4% do total. Vinte dos 22 ouros foram conquistados por bolsistas, assim como 18 das 20 pratas e os 100% dos 30 bronzes. Entre as 20 medalhas de ouro obtidas por bolsistas, 18 vieram de integrantes da categoria Pódio, a principal do Bolsa Atleta.
O programa passa por avaliação contínua para atender satisfatoriamente aos interessados e aos objetivos do esporte de alta performance no país.
Fonte: Bolsa Atleta