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BNCC DO ENSINO MÉDIO

BNCC do Ensino Médio: Sintego e CNTE mobilizados contra essa reforma nefasta para a educação brasileira

Nove dias, e em pleno período de férias, esse foi o tempo dado pelo Ministério da (MEC) para a consulta de cerca de 509 mil professores de 28 mil escolas públicas e particulares do Brasil inteiro sobre a Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio (BNCC do Ensino Médio).

Publicada no site do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) no dia 23 de julho, o “Dia D” da consulta foi marcado para o dia 2 de agosto. Em Goiás, a Secretaria Estadual de Educação, e Esporte (SEDUCE) resolveu agendar o “Dia D” para 9 de agosto.

Teve sistema estadual que fez seminário fechado para os que trabalham dentro da Secretaria de Educação poder opinar, algo bem restrito. E teve que não reuniu a equipe, não discutiu, mas colocou os professores para responder os formulários do Consed pela internet”, avaliou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo. “O Brasil é um país continental e diverso, eles (o governo) precisam aprender que as coisas não funcionam assim, apenas por um comando de . Um abuso e um golpe este dia D que eles inventaram”.

Por essa razão, o SINTEGO e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) organizam uma campanha de informação, denúncia e mobilização sobre esta reforma que visa, principalmente, excluir o acesso à educação pública de qualidade para os filhos das classes mais pobres. Veja algumas das razões porque é preciso ir à luta, em Goiás e no Brasil, contra a BNCC do Ensino Médio do golpista Michel Temer, conforme lista organizada pela CNTE

IMPACTOS DA BNCC DO ENSINO MÉDIO NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

1. A Reforma do Ensino Médio, da qual a BNCC faz parte, tornou obrigatórias apenas as disciplinas de Portuguesa e Matemática nas escolas brasileiras desse nível de ensino. As outras disciplinas, como , Geografia, Sociologia, , Artes, Educação Física, Língua Estrangeira, Física, Química e Biologia não serão mais obrigatórias.

2. O currículo flexível poderá ser cumprido totalmente fora das escolas, por meio de inúmeras certificações de qualidade duvidosa e desatreladas dos princípios da formação escolar, como cursos de aprendizagem oferecidos por centros ou programas ocupacionais (ex: Pronatec e Sistema S), e experiência de trabalho supervisionado ou outra adquirida fora do ambiente escolar. É o caso de trabalho voluntário; estudos realizados em instituições de ensino nacionais ou estrangeiras; cursos realizados por meio de educação a distância etc.

3. Essa proposta dificulta cada vez mais o ingresso da população de baixa na universidade.

4. Do jeito que foi aprovada a BNCC, o que vai acontecer é que as escolas vão reduzir seus quadros de educadores, já que precisarão basicamente de professores de Português e Matemática, até porque parte das disciplinas serão cumpridas a distância.

5. Sem contar as demissões em massa, haverá contratação de profissionais com “notório saber” na educação técnicaprofissional e precarização das relações de trabalho por meio da Reforma Trabalhista.

6. A parte flexível do currículo e até mesmo componentes da BNCC – não presencial – serão transferidos para a iniciativa privada, como o Sesc, Senai, Senac, Sesi e Federação Nacional das Escolas Particulares e o Sistema Globo de Comunicações, por meio de seus Telecursos. Por isso esses grupos apoiam a chamada reforma do Ensino Médio.

7. Esse domínio do setor privado no Ensino Médio público está alinhado com a Emenda Constitucional nº 95, que congela por 20 anos os públicos em políticas sociais, entre elas a educação. No site do SINTEGO (www.sintego.org.br), você encontra um modelo de , com os devidos endereços, para que sua escola possa se manifestar perante o MEC e o Consed, vários documentos sobre esta reforma, e a nossa agenda de mobilização e denúncia.

BiaBia de Lima
Educadora, Presidenta do Sintego

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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