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Bolinho de chuva recheado

BOLINHO DE CHUVA RECHEADO

Bolinho de chuva recheado

Ele sempre aparece nas mesas brasileiras na hora do lanche. Mas, depois de uma boa chuva, ou até de uma chuvinha, é por certo a melhor pedida para acompanhar um café – ou chá, ou suco, ou leite… Daí, certamente, o nome…

Por Lúcia Resende

Esta receita vem lá das Minas Gerais, Triângulo Mineiro, município de São Francisco de Sales, que é onde vive hoje a Daisy Queiroz, filha da prima Roseli e bisneta da tia Debraíla Vilas Boas, a melhor quitandeira da família e da região, que se foi há quase duas décadas, mas está vivíssima nas nossas melhores lembranças.

Daisy valoriza as tradições e, assim como a mãe, que se foi muito moça, herdou os dons culinários da nossa tia Baíla.

Este bolinho de chuva recheado ela diz que aprendeu a fazer com a mãe e, a pedido, passou-nos a receita, que registramos aqui.

INGREDIENTES

300 ml de leite

2 ovos

4 colheres (sopa) de açúcar

1 colher (café) de sal

1 colher (sopa) fermento em pó

Farinha de trigo até dar ponto (tipo massa de bolo grossa)

*pode usar metade farinha de trigo e metade amido de milho pra ficar bem      leve a massa.

Recheio: queijo picado, goiabada picada ou outro de sua  preferência.

MODO DE FAZER

Misture bem todos os ingredientes da massa (não precisa bater). Em seguida, coloque aos poucos a goiabada, o queijo ou outro recheio escolhido, e vá pegando junto com a massa na colher (um pedaço pra cada colherada). O segredo pra não vazar o recheio é mergulhar ele todo com a massa. Não deixar nenhum ponto sem cobrir. Vá colocando as colheradas no óleo (não muito quente, pra não queimar). Os bolinhos têm que flutuar no óleo pra ficarem redondinhos.

Passar no açúcar refinado e canela (*opcional).

Depois, é só saborear!

P.S.: Receita testada e aprovada!

Lúcia Resende – Quituteira

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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