Memória de Brasília

Brasília, nosso amor vem de longe

Brasília, nosso amor vem de longe, desde nossas tenras idades, você sendo gestada e eu a duas semanas do meu aniversário de 6 anos.

Patrícia Colela

Um avião Convair da Real Transportes Aéreos nos trouxe de Uberaba a , era 11de outubro de 1958. Papai já estava aqui, viemos mamãe, meus irmãos Adriana, José Antônio e Valéria e tia Nita. O caçula, Olavinho, é candango.

Chegamos, mas a mudança que saíra duas semanas antes estava num caminhão atolado no barro da atual BR 050, Rodovia Chico Xavier. O jeito foi ficar 2 dias no Hotel Belo Horizonte na Cidade Livre, lugar que teve seu popular nome mudado para Núcleo Bandeirante. Com o hotel, superlotado, ficamos em um quarto mamãe, sua irmã tia Nita e nós filhos. Papai dormiu numa cama improvisada no corredor.
 
Passados dois dias, a mudança chegou e lá fomos nós para uma casa na Quadra 33, da W3 Sul – moradias em alvenaria construídas com recursos da Fundação da Casa Popular para abrigar servidores do governo local. A habitação não comportava a contento toda a mudança. Casa entulhada.
 
Na vermelha, havia apenas casas, nenhuma pavimentação, barro e muita chuva. , adoramos o lugar em que brincávamos na terra rubra, bem diferente das terras roxas de Uberaba. Com as sobras dos ferros das construções e a abundância de terra, nós, crianças de Brasília, inventamos uma brincadeira chamada finca. Com a edificação da cidade, essa brincadeira desapareceu nas gerações que nos sucederam.
 
Depois, nas calçadas recém construídas, riscávamos a amarelinha e fazíamos desenhos com as pedras vermelhas – a Laterita Vermelha.
 
E assim foi, estamos juntas há 63 anos e meio.
 
Bodas de Sândalo.
 
278950426 5760614240633072 8472966726794677165 n.jpg?stp=dst jpg p235x350& nc cat=107&ccb=1 5& nc sid=8bfeb9& nc eui2=AeFUnP3F VKY RCE7GG2cW9BD9 tNrYIrsEP3602tgiu2R8hGVj1UEPNf8A2l1AUhU& nc ohc=KdUBz QUR2UAX r6L6k& nc ht=scontent ort2 1
 
 
278604307 5760578400636656 4730005104596843327 n.jpg?stp=dst jpg s600x600& nc cat=106&ccb=1 5& nc sid=8bfeb9& nc eui2=AeFOg TzKsdycp3pc6xs nEAGJF9IUniHPcYkX0hSeIc93FClmV2Irmbq6AN0rVS9r4& nc ohc=Dx75I7Ll7VEAX8qAd5G& nc ht=scontent ort2 1
 
 
278708618 5760578550636641 6438291738952495636 n.jpg?stp=dst jpg p526x395& nc cat=110&ccb=1 5& nc sid=8bfeb9& nc eui2=AeFEcGOdaSSU6EfqD5SGg9QtKCy83qHGWe0oLLzeocZZ7WTXSBq1ki14ydEVAPPFyvY& nc ohc=zzXwFjGnloMAX8i1N9D& nc ht=scontent ort2 1
 
 
278871609 5760578427303320 5702840031312566772 n.jpg?stp=dst jpg p403x403& nc cat=103&ccb=1 5& nc sid=8bfeb9& nc eui2=AeEhndVPBSA9F1H9ywOtMKzZYRQvyaWRRj5hFC JpZFGPml0zog6NelRtacr1wBEo7o& nc ohc=Z6wHdEs5jr4AX ftSK4&tn=7s6Wkj1eO8Tmm5P6& nc ht=scontent ort2 1
 
 
278661480 5760578533969976 8696903285251340604 n.jpg?stp=dst jpg s600x600& nc cat=106&ccb=1 5& nc sid=8bfeb9& nc eui2=AeFQYAonzpA bW1Tv1iHBx6KY0Ago3OmdEljQCCjc6Z0SfFjgUIEr8lJbfEj9MywmSU& nc ohc=Zm9B9e3kJcgAX9M9SuG&tn=7s6Wkj1eO8Tmm5P6& nc ht=scontent ort2 1

[smartslider3 slider=43]
 
 
Nenhuma tag para este post.

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

REVISTA