Vermelha como uma rosa, pétalas que lembram espinhos e uma beleza única. Ali, ‘sozinha’, em meio às gramíneas secas e empoeiradas do cerrado, o vermelho vivo quase fluorescente da Caliandra se destaca. A planta se tornou símbolo do bioma Cerrado e, além de belíssima, estudos apontam que ela pode conter diversas propriedades medicinais.
Por Maria Letícia
Caliandra é o nome comum dado a várias espécies do gênero Calliandra, suas flores desabrocham na primavera e no período de verão a folhagem se torna mais prolongada. Além disso, durante a noite, suas folhas, por serem delicadas, passam por um processo natural e se fecham.
A graça de suas flores são comparadas a um ‘pompom’ e podem ser encontradas em diversas tonalidades, variando de acordo com as condições climáticas de cada local.
De acordo com Ana Lui, em reportagem à Globo, “A caliandra adora sol pleno e podemos encontrá-la em diversas tonalidades, como a rosa (Calliandra brevipes), que tolera geadas e se adapta bem à região Sul do país, e a vermelha (Calliandra harrisii), que prefere regiões tropicais” pontuou a paisagista.
O que você sente ao contemplar uma Caliandra?
Tenho uma espécie de ‘presságio’ estranho ao observar uma Caliandra balançando sua folhagem avermelhada, em um sentido solitário que encontra a inconfundível beleza de uma flor, tornando impossível não admirar seu vermelho cor de sangue, quase flutuante.
Hipnotizante! Ela resiste entre o caos marrom empoeirado do Cerrado, despertando mistério, deixando claro que não é uma flor qualquer.
Para o pintor Fábio Rodrigues, em sua arte “Uma flor abre o mundo“, essa planta representa o sentimento de compaixão e desperta nossa atenção para algo muito maior: as mudanças climáticas. O autor da obra disserta sobre a perca da biodiversidade do cerrado devido o avanço das mudanças climáticas e ressalta o processo de extinção do bioma. O pintor, Fábio Rodrigues, enaltece a importância do bioma e deixa um alerta urgente sobre os efeitos das mudanças climáticas por meio de suas artes.
A Caliandra e a medicina
Devido a sua beleza e delicadeza, a planta é mais conhecida como a flor-do-cerrado, contudo, estudos científicos vem sendo realizados e apontam que a planta também pode ser uma fonte de medicina natural, podendo ser usada para diversos fins. Porém, atualmente, é muito mais comum as Caliandras serem usadas amplamente no paisagismo e na jardinagem.
De acordo com estudo publicado pela Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação (SEMESP), esta planta é nativa da Amazônia boliviana e carrega diversas propriedades medicamentais. Além disso, na medicina popular as Caliandras pode ser usadas como laxantes, antidepressivos, em tratamento de inflamações, cólicas e outros.
O objetivo do estudo citado era avaliar a atividade antioxidante de extratos oriundos do caule da variedade vermelha, que, segundo o artigo, apresentou uma maior atividade antioxidante em relação aos demais.
A eficácia medicinal da espécie Caliandra ainda está em processo de estudos científicos e pouco se sabe acerca das técnicas de cultivo agrônomos dessa flor. A bela ‘esponjinha’ ainda é misteriosa em muitos sentidos para o mundo cientifico.
Por outro lado, há relatos mais substanciais acerca do uso desta erva pelas populações indígenas da América do Sul. O livro “Plantas medicinais na Amazônia”, publicado originalmente em 1989, cita a família Fabaceae, que engloba cerca de 64 gêneros e 2.950 espécies descritas, distribuídas no livro em cinco categorias e, dentre elas, a Calliandra é destacada como um gênero de muito valor medicinal.
De todo modo, a rosa do cerrado, como gosto de observar, continuará avermelhando-se como fogo sob o sol do cerrado.
Maria Letícia – Redatora voluntária da Revista Xapuri. Capa: Flickr/Forest and Kim Starr/Creative Commons.