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Campanha aponta riscos da entrada da soja no Pantanal

Campanha aponta riscos da entrada da no do Mato Grosso do Sul

O Pantanal é uma região peculiar não só pelas suas belezas naturais como também pelo papel que desempenha na da biodiversidade. Também chamado de “reino das águas”, esse imenso reservatório de água doce é muito importante para o suprimento de água, estabilização do clima, além de ser um santuário para diversas espécies ameaçadas de extinção afora como a onça-pintada, ariranha e arara-azul…

Por S.O.S Pantanal

A planície pantaneira sempre foi reconhecida por seu potencial na produção pecuária, uma atividade que se desenvolve sem causar grandes danos a vegetação nativa do bioma. Porém, a estiagem prolongada dos últimos anos e a melhoria do acesso permitiram que novas atividades econômicas sejam vislumbradas para a região, o que causa grande preocupação devido à lacuna da legislação estadual.

Atualmente existem menos de 3 mil hectares plantados de soja dentro da planície pantaneira no Mato Grosso do Sul, nos municípios de Coxim, Miranda e Aquidauana. Pode parecer um número pequeno, porém, há um potencial de crescimento vertiginoso destas áreas nos próximos anos, podendo causar um dano ambiental em larga escala. Os em infraestrutura em estradas e aterros dentro da planície vão facilitar a produção e seu escoamento em um próximo.

O histórico de Bonito

Temos um exemplo na região da cidade vizinha ao Pantanal, Bonito – MS. Hoje a região toda tem seus principais rios corpos d’água ameaçados pelo avanço do cultivo de soja em regiões de banhado, sensíveis a qualquer alteração. A morosidade do Estado em pautar ou observar esse avanço fez com que ele fosse desordenado e sobre áreas ambientalmente sensíveis a um custo enorme para a região.

 

Lavouras avançam próximas da nascente do rio Mimoso, em Bonito – MS (Foto: Divulgação/PMA) – CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS

Já no Pantanal, por ser uma planície alagável, o risco de uma produção agrícola em larga escala é enorme, devido à utilização de moléculas de ação biocida (inseticidas; fungicidas; herbicidas; e nematicidas) visando o controle de pragas, doenças e plantas invasoras. Grande parte destes produtos possuem compostos potencialmente poluidores, como metais pesados, surfactantes, emulsificantes, dentre outros.

Quando entram em contato com o solo, não há barreira física alguma que impeça a contaminação da água de todo o sistema por essas substâncias, que afetarão o delicado ecossistema que é abrigo de uma rica biodiversidade e de populações tradicionais que ali vivem.

Alternativas

O Mato Grosso do Sul possui 35.7 milhões de hectares em sua totalidade. Em 2021/2022, 3.7 milhões de hectares foram utilizados para o plantio de soja (11% do estado). Porém, existem atualmente 8 milhões de hectares de áreas degradadas no estado que poderiam ser convertidas em plantio. Pelo menos metade desta área poderia ser destinada para soja, mostrando que não existe a necessidade do avanço dessa prática para dentro de uma área tão sensível como o Pantanal.

O objetivo de nossa campanha é sensibilizar a , opinião pública em geral e a classe do Mato Grosso do Sul para discutirmos esse avanço da soja e a entrada da agricultura de alto impacto no Pantanal Sul. O estado vizinho, Mato Grosso, já possui uma legislação que impede o cultivo de soja na planície. O Mato Grosso do Sul deveria seguir o mesmo caminho. Vimos alertar sobre futuro da planície e trazer à tona futuros problemas e, com eles, possíveis soluções, inclusive econômicas.

#PantanalNãoÉLugardeSoja

Julgamos ser possível a criação de mecanismos na legislação para compensação específica nessa área agricultável dentro do Pantanal sul, versus falta de reserva legal fora dele. Esta é uma maneira de reconhecer os esforços de proprietários que estão protegendo o solo dentro da planície, sem que sejam prejudicados financeiramente.

SOS Pantanal reafirma seu compromisso com o do Pantanal. Nossa principal agenda sempre foi, e continua sendo, o desenvolvimento econômico aliado a conservação do meio ambiente. A produção agropecuária conduzida de forma sustentável, aliada ao desenvolvimento do é o caminho rumo a esse objetivo. É exatamente por isso que ressaltamos que o #PantanalNãoÉLugarDeSoja

Clique aqui e assine o abaixo assinado.

http://xapuri.info/acordo-inedito-pelo-pantanal/

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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