Casas de Quilombolas são destruídas em ação de despejo no Mato Grosso
Por REDAÇÃO 4P
Uma família foi despejada de forma violenta no Quilombo Jacaré dos Pretos, localizado no município de Nossa Senhora do Livramento, zona rural do Mato Grosso. A ação aconteceu na quarta-feira, 18 de setembro, destruindo a casa da família, que também teve seus pertences extraviados.
“O lugar onde morávamos virou um deserto. Não tem mais nada, os tratores derrubaram tudo; os pés de caju, de laranja, de limão. A casa que utilizávamos como escola para as crianças e os adultos, tudo destruído. Nossas roupas e nossos pertences até agora não sabemos onde estão. Estou na cidade, mas contrariado, minha vida é dentro do território”, contou o presidente da associação quilombola Jacaré dos Pretos, Ângelo Jesus de Campos à ONG Terra de Direitos. Depois de ter perdido sua casa, ele foi para a residência de um de seus filhos, em Várzea Grande, a 30 km de Nossa Senhora do Livramento.
Além da casa de Seu Ângelo, outras casas que não constavam na ordem de despejo foram demolidas no quilombo, segundo a ONG. O Quilombo Jacaré dos Pretos tem reconhecimento da Fundação Cultural Palmares desde 2006. A ação que deu origem à ordem de despejo é de 2007 e de autoria da pecuarista Maria Terezinha Leite Nadaf, na qual reivindicava a posse de parte da Fazenda Pirapora, localizada em Nossa Senhora do Livramento. Parte dessa área está ocupada pela família de Seu Ângelo há mais de duas gerações. A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) divulgou uma carta na sexta-feira, 20, repudiando o modo como foi realizado o despejo e também exigindo a revisão dessa decisão com base nas várias irregularidades cometidas e apontadas pela assessoria jurídica da organização.
Indenização em SC
Uma comunidade quilombola de Santa Catarina venceu uma ação contra o governo do estado. Na última segunda-feira, 23, foi publicada a decisão da 6ª Vara Federal de Florianópolis condenando o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) a pagar R$ 100 mil de indenização à Associação da Comunidade Vidal Martins, que é quilombola, por racismo em uma concorrência pública para escolher quem administraria o camping do Parque Rio Vermelho, na capital catarinense. Essa área está relacionada às terras reivindicadas pela comunidade quilombola, segundo informações do site G1.
O valor de R$ 100 mil será para indenizar a associação, que contraiu empréstimos para participar da concorrência. A decisão judicial também prevê uma gestão conjunta do camping entre a associação e o IMA no período
Fonte: Mídia 4P