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Caso Lula é paradigmático, diz ex-juiz espanhol Baltazar Garzón

Juiz que ordenou a detenção de Pinochet: ‘Caso é paradigmático’

© Foto: Rovena Rosa/Agência

Na terça-feira (3), a do Equador autorizou a prisão preventiva do ex-presidente Rafael Correa. O ex-juiz espanhol Baltasar Garzón compartilhou com a Sputnik sua opinião sobre o atual da Justiça na e seu papel na perseguição .

Acusado pela tentativa de sequestro do ex-deputado opositor Fernando Balda em 2012, Correa está repetindo o destino de Luiz Inácio Lula da e Cristina Kirchner.

Rafael Corrêa
Tribunal no Equador ordena prisão do ex-presidente Rafael Correa |© SPUTNIK / MIKHAIL FOMICHEV
Para Baltasar Garzón, ex-juiz mundialmente conhecido por pedir a extradição do ex-ditador chileno Augusto Pinochet, os casos mencionados até podem ser considerados “uma traição à e à “.

“Não se deve utilizar as instituições — e muito menos a Justiça — como armas para tomar parte em relação a determinados grupos ou indivíduos”, afirmou o juiz eminente à Sputnik Mundo.

Garzón acha muito triste o fato de haver “esta submissão à oportunidade política de mudar”, especialmente por meio de “investigações conjunturais, sem elementos”.

O ex-juiz espanhol acredita que as pessoas devem ter a confiança que quaisquer que seja sua visão política, sejam tratadas pela Justiça de modo igualitário, mas por enquanto isso acontece ao contrário.

“Pensávamos que na América Latina isso já havia sido superado, mas se torna preocupante novamente. O caso de Lula é paradigmático. O de Cristina e Correa, iguais”, ressaltou.

Lula
Lula reafirma que será candidato à Presidência | © AP PHOTO / ANDRE PENNER
O interlocutor da Sputnik acha que os processos que estão acontecendo na Justiça da América Latina são pouco confiáveis e estão, sem dú, contaminados, pois “há certas estruturas transnacionais que veem em risco seu poder perante o fato de poderem voltar a governar pessoas que apoiam os mais vulneráveis.”

Segundo Garzón, agora na América do Sul tentam responsabilizar as pessoas sem manchas na reputação por todos os males.

“Não acuso ninguém em particular, mas o que eu digo é que temos que fazer uma profunda reflexão para poder recuperar o lugar que corresponde ao Poder Judiciário”.

ANOTE AÍ

Fonte: Sputnik Brasil

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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