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Auto dos Orixás

Auto dos Orixás 2018: “Celebrando O Amor Entre todos os Seres”

Auto dos Orixás deste ano vem com o tema ‘Celebrando O Amor Entre todos os Seres’

Programação do Dia da Consciência Negra (Zumbi dos Palmares) será o dia todo no Ponto de Cem Réis

Redação BdF
Auto dos Orixás
Nai Gomes em cena no Auto dos Orixás / Foto: Thercles Silva

, e religião. O Auto dos Orixás vem este ano com o tema ‘Celebrando O Amor Entre todos os Seres’. Já na sua nona edição, a montagem – prevista para as 18h – faz parte da programação alusiva ao Dia da Consciência Negra (dia de Zumbi dos Palmares), que se estende pelo dia todo no Ponto de Cem Réis, nesta terça-feira, dia 20 de novembro (entrada livre) com exposição de telas, fotos, feira de artesanato, apresentações de grupos de cultura popular e batuques.

O evento é uma realização do Ateliê Multicultural Elioenai Gomes que, durante todos estes anos, vem apresentando a cultura do povo negro e sua descendência africana através da dança, do canto, dos toques e da religiosidade. Nai Gomes, organizador do Auto, afirma que a iniciativa é para fortalecer a cultura negra paraibana e desconstruir preconceitos e a intolerância religiosa. “É um verdadeiro laboratório de vivências e experiências para apresentar ao público pessoense o que é a cultura afro e, principalmente, o que é a religiosidade, o que são os panteões africanos e seus deuses.”

Auto dos Orixás

Ele explica, ainda, que este ano colocarão em cena os doze Orixás mais cultuados no Brasil (ver box no final) para demonstrar a importância de cada uma das divindades nas relações humanas, e mais algumas surpresas que vão aparecer na hora.

A programação deste ano começa às 8h da manhã ocupando a praça Ponto de Cem Réis com abertura das exposições: YABAIS de Elioenai Gomes, 3XAUTO do fotógrafo italiano Alberto Banal, e a obra Árvore da de Humberto Heleno. Também estarão presentes a feira de artesanato com afro-empreendedoras(es), gastronomia afro, além de apresentações de grupos da cultura popular. Pela manhã vai haver batuques, e na parte da tarde, haverá roda de conversa sobre racismo, intolerância religiosa, saúde da população negra, e extermínio dos jovens negros.

Auto dos Orixás
Espetáculo Auto dos Orixás – João Pessoa – PB / Foto Divulgação Nai Gomes

Luciana Peixoto é coreógrafa e bailarina do espetáculo, conta que já participa ha sete anos: “é um ato de abertura e reconhecimento para a nossa cultura afro, e é uma grande felicidade levar nossa religiosidade para as pessoas, fazer parte e vivenciar disso diariamente, ter a oportunidade de fazer parte desse grande evento, é uma honra.”

Espectadora, e ex-bailarina do Auto, Jaciara Xavier tem vê a importância do espetáculo como fortalecimento da nossa . “Vejo como a união de todos os povos, independente de ser afrodescendente ou não. O Auto significa resistência, e para mim, uma celebração de amor entre todos os seres.”

Nai destaca que, nesta edição, a praça será ocupada por entidades, movimentos, e instituições como: o Ministério Público, a Defensoria Pública, Maria Quitéria, Secretaria do Desenvolvimento Humano, Evangélicos Contra o Racismo, dentre outras. Também haverá o lançamento da campanha “Assistentes sociais contra o racismo”.

Auto dos Orixás
Espetáculo Auto dos Orixás – João Pessoa – PB / Foto Thercles Silva

 

O artista aproveita para se queixar do pouco apoio ao evento nestes anos todos: “a questão da invisibilidade e a falta de apoio das gestões é séria porque a gente solicita mas nunca vem a polícia, limpeza da praça, banheiros químicos ou a Guarda Municipal. Então o maior preconceito mesmo vem das próprias gestões que ficam dando uma de morto já faz nove anos. Acho que precisamos de reconhecimento.”

Auto dos Orixás
Espetáculo Auto dos Orixás – João Pessoa – PB / Foto Thercles Silva

O espetáculo conta com mais de 150 pessoas, sendo: 24 bailarinas(os), 12 atores, 04 grupos de capoeira, 06 percussionistas, o Grupo Raízes e o Cortejo da Luz – com mais de 60 pessoas.

Auto dos Orixás
Grupo Raízes – João Pessoa – PB / Foto: Divulgação Nai Gome

 

Os doze Orixás celebrados no espetáculo:

-EXU. Mensageiro entre os homens e os deuses, guardião da porta da rua e das encruzilhadas.

-OXÓSSI. Deus das matas e florestas. É o caçador, da colheita e da fartura

-OXUM. Deusa das águas doces, principalmente das cachoeiras. É também deusa do ouro, da fertilidade e do amor.

-OMULU (ou Obaluiaiê) – Deus da peste, das e da cura.

-IANSÃ – Deusa dos ventos e das tempestades. É a senhora dos raios, guia dos mortos após a partida

-OSSAIM – Deus das folhas e ervas medicinais. Conhece seus usos e as palavras mágicas (ofós) que despertam seus poderes.

-OXUMARÉ – Deus da chuva e do arco-íris. É, ao mesmo , de natureza masculina e feminina.

-XANGÔ – Deus do fogo e do trovão. Diz a tradição que foi rei de Oyó, cidade da Nigéria. É viril, guerreiro e justiceiro. Castiga mentirosos, é o senhor da justiça.

-IEMANJÁ – deusa dos mares e oceanos. É a mãe de todos os orixás.

-OGUM – Deus da , do metal e da tecnologia. No Brasil é conhecido como deus guerreiro.

-NANà– Deusa da lama e dos mangues. É a mais velha de todos e por isso muito respeitada pela sabedoria

-OXALÁ – pai de todos os Orixás. Obstinado e independente, é representado de duas maneiras: Oxaguiã, jovem, e Oxulafã, velho. Representa a paz.

ANOTE AÍ

Edição: Cida Alves

Fonte: Brasil de Fato

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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