Chega de lixo plástico! Baiana inventa plástico filme sustentável

Chega de plástico! Baiana inventa plástico comestível e sustentável feito de PANCs

Nascida na “roça”, como gosta de dizer, em Feira de Santana, na , Kat Nogueira sempre se interessou por assuntos relacionados à , pesquisando muito sobre o impacto do homem no meio ambiente. A especialização em Gestão Ambiental e o nascimento de seu filho, somado ao “ócio criativo da pandemia”, fez a moça finalmente tirar do papel, aos 37 anos, a vontade de produzir uma que ajudasse a combater o problema do lixo plástico no .

Por Débora Spitzcovsky/The Green Post

Inspirada em outras descobertas sobre plásticos comestíveis feitos de frutas, ela desenvolveu um plástico filme a base de PANCs, as Plantas Alimentícias Não-Convencionais. A “receita” exata do produto ainda não foi divulgada por Kat, por ainda não ter patenteado a descoberta, mas o que já sabemos é que o plástico sustentável e comestível nasceu da mistura de algumas espécies de PANCs, leva muito pouca água em sua produção e é impermeável, diferente de outras invenções semelhantes.

Além desse plástico filme, mais fininho e transparente, Kat também desenvolveu um modelo mais resistente, de cor laranja, que segundo ela tem características semelhantes às do isopor, podendo ser usado como uma alternativa sustentável a esse material. E não parou por aí! Rolou até uma versão 2.0 do plástico filme de PANCs, feito a partir de produtos industrializados vencidos.

Kat parece mesmo decidida a revolucionar a indústria do plástico! Após o dos protótipos, ela se inscreveu em editais na área de , Tecnologia e e, com os incentivos financeiros que recebe, está aprimorando suas pesquisas, focada principalmente em baratear a produção das soluções que inventou. Isso porque ela considera que o alto custo para implementação e fabricação em grande escala de tecnologias como as inventadas por ela é hoje um dos grandes empecilhos para sua popularização no Brasil e no mundo. Bora mudar isso então!

Voa, Kat!

Débora Spitzcovsky – Jornalista. Fonte: The Green Post. Foto: Kat Nogueira posa com sua invenção (Nara Gentil/Correio. Este artigo não representa a opinião da Revista e é de responsabilidade da autora.
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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