Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.

Classe Trabalhadora

Classe Trabalhadora

Por Aldoir Betan

Dos teus braços saem muitos frutos

Alimentos e materiais que se

Transformam em produtos

Ninguém olha pra esse lado

Tudo vai para o mercado

Sempre sobra muita coisa

E as sombras onde vão?

Dizia a lei de Gérson,

“deve-se levar vantagem em tudo”

E hoje essa é a lei da burguesia

Para explorar a nossa classe

Que trabalha e se arrebenta

Muitas vezes não aguenta

E aí se mobiliza

Chora, grita, sapateia, onde pisa

Uns descalços e sem camisas

Nos dizia Tomás de Aquino

Que previa este pepino

Nos deixou um escrito e sublinhado

Que pegar de quem tem muito não é pecado

Meeiro, arrendatário e operário

Todos ganham menos que um salário

E se não tiver emprego

Passa frio, passa e, nesse ,

É chamado de vagabundo

Bem a frente de nossas vistas

Muitos de nós concordamos

E a mão para o diabo nós damos

Defendendo os capitalistas

Que fazem tudo e se defendem

Com uma ética individualista

Mas um dia tudo muda

E a Deus nós pedimos ajuda

Com certeza ele escuta

Se nós não deixarmos de lutar

Não sermos covardes e fraquejar

Contra toda essa maldade

Defendendo a igualdade

Temos a ética da

Pra uma nova

Todos juntos construir

Começando pela

Com o lema:

Ocupar, Resistir e Produzir

Aldoir Betan – RS

Fonte: Libânio Neto

 

 

 

Nenhuma tag para este post.

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA