Cordel do Samba:

CORDEL DO SAMBA: SAMBA É ZAMBRA QUE ZAMBRA

Cordel do : Samba é zambra que zamba
Por
Samba é dar, doar, receber
Coisa que cai e se alevanta
Samba é zambra que zamba
Umbigada no ritmo encanta
Semba de Angola e do Congo
É o samba que os males espanta
Samba-corrido, partido-alto, bate-baú
Samba de coco, xote e samba-rural
Trocada, ponga, tambor-de-crioula
Bambelô, caxambu, é samba total
Coco-de-parelha e soco-travado
Miudinho, tiririca, nosso samba vital
As Tias Baianas na origem
No ritmo do samba-raiado
Samba de breque e batuque
Na do samba-chulado
O samba que nasceu na
Carioca com o toque abaianado
Tia Ciata, Tia Amélia e outras
Tia Rosa e a Tia Veridiana
Tia Sadata e a Tia Mônica
Recordar a Tia Prisciliana
As tias baianas sambistas
Sem esquecer a Tia Bebiana
No samba tem maxixe e lundu
Tem o jongo,a polca, bom clima
Pandeiro, o surdo e o tamborim
Agogô, frigideira e violão acima
Tem Sinhô, Jamelão e Candeia
Nélson Cavaquinho e a boa rima
O samba é bem negro e mestiço
Saúde, Morro da Conceição
Pedra do Sal, Zona Portuária
Cidade Nova, o samba-canção
Da Praça Mauá e da Praça Onze
Samba que toca o nosso coração
Heitor dos Prazeres e Caninha
A turma do Estácio, Deixa Falar
Mano Rubem e Nilton Bastos
Baiaco, Brancura, Mano Edgar
Carlos Cachaça,Geraldo Pereira
Ary Barroso a nos orquestrar
O samba ecoou Pelo Telefone
Com Donga e João da Baiana
Samba de Roda veio da Bahia
Pulsa e vibra sua raiz africana
Batuque de tambor no carnaval
Voz do morro na gente se irmana
Paulo da Portela, Aniceto do Império
Chico Santana e Molequinho
Alcides, Manacé, Assis Valente
Com o Jamelão no caminho
Pedro Caetano e Synval Silva
O samba faz o bom burburinho
Batatinha, Dolores Duran, Luís Barbosa
Fernando Lobo e o Antônio
Germano Mathias,Custódio Mesquita,
Henrique Vogeler com sua poesia
Ismael Neto com o samba na
Na ritmo do samba com e magia
Noel Rosa e o Ary Barroso
Mário Reis, Dalva de Oliveira
Francisco Alves, Orlando Silva
Tem muita gente de primeira
Lupicínio Rodrigues na linha
É o samba que sobe a ladeira
Carmen Miranda, Lamartine Babo
Aracy de Almeida, Braguinha
Silvio Caldas, Moreira da Silva
Herivelton Martins bem na linha
Dorival Caymmi e Ataulfo Alves
Com o samba o Brasil se encaminha
É o Samba em todo Brasil
Nosso Adoniran paulistano
O samba em
No e pelo oceano
No Brasil de Sul a Norte
Nosso samba é som soberano
Tão bom sambar com Noel
Com Cartola e a Clementina
Desfilar na de samba
Breque e pagode na esquina
Bom sambar com Pixinguinha
O samba é de raiz, é mistura fina

Gustavo Dourado é um dos maiores poetas-cordelistas do Brasil. Sua excelente e extensa produção literária pode ser encontrada em www.gustavodourado.com.br/cordel.htm.  Gustavo é também presidente da Academia de Letras de Taguatinga.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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