Descanse em paz, bonita!
Ale Terribili
Quando morre um ou uma artista, a arte fica órfã. Não depende de gostar ou não do som que ela fazia.
Pra mim, hoje (ou ontem), que cantei Milton, poucas horas depois daquele acidente fatal, se tratou de ter viva a lembrança de uma cantora, uma compositora, uma artista amada pelo público, que morreu no trajeto para um show. Ela estava indo de Goiânia, aqui do lado, para Caratinga, interior de Minas.
Minas, que eu estava cantando hoje (ou ontem).
Caratinga. “Todo artista tem de ir aonde o povo está”… E Marília morreu no trajeto dela até o povo que a queria ouvir. Isso dói. Me dói que ela tinha 26.
Me dói que, embora eu não conhecesse bem seu trabalho, eu conhecia mais de sua luta, que cantar sertanejo também é coisa de mulher. Mas me conforta que ela tem herdeiras.
Nessas horas prefiro pensar que ela será útil pra Deus. Qualquer Deus de qualquer crença. Marília não virou estrela, porque isso ela já era mesmo. Talvez tenha virado uma boa conselheira de Deus. Qualquer Deus de qualquer religião.
Porque o artista tem que ir aonde o povo está. Né, Deus?
Descanse em paz, bonita. Qualquer dia a gente volta a te encontrar. Ajuda Deus a cuidar de nós, porque tá foda, nem ele tá dando conta de amenizar tanta dor.
Hoje que a sofrência faz mais sentido do que nunca.