Desculpa, Yedo Ferreira!
Saudações ancestrais, bênçãos. Bom dia a todas, todos e todes, desejando saúde e paz, extensivo aos clãs e familiares.
Por Iêda Leal
Começo aqui com essas palavras que recebi de um grande amigo na manhã de domingo, dia 16 de abril, uma manhã tranquila e cheia de sol, um elemento que aquece os corações.
Lembro-me da grande reunião no nosso Congresso, quando abordamos as condições de vida das nossas pessoas mais velhas. É bonito demais lembrar que paramos para analisar cada vida dos e das que resistiram a tantos ataques contra nossas vidas.
Os nossos mais velhos precisam da nossa proteção, pois são aqueles e aquelas que construíram as primeiras estradas para o nosso percurso histórico e vitorioso até os dias de hoje.
Assim, quero aqui pedir desculpas ao nosso militante guerreiro, Yêdo Ferreira, que, com sua sabedoria e capacidade de compreender a dura realidade do nosso povo, sempre esteve na luta contra o racismo, elaborando estrategicamente o pensamento negro sobre Reparação e dividindo conosco sua sabedoria.
Não podemos, em momento algum, participar de qualquer situação que cogite os absurdos de desconhecer o trabalho que Yêdo fez e faz para a nossa entidade, ou melhor, para o Brasil.
Me desculpe, Yêdo Ferreira, nós não nos somamos a nenhum ataque a você que é, sim, militante do MNU do Brasil. Você é uma figura pública do Movimento Negro e você sempre contribui para o crescimento de nossa entidade. O desconhecimento e, às vezes, a ignorância de poucos causam essas situações que a sua própria história conseguirá apagar.
Eu aqui, agora, fico pensando nas escadarias do teatro, nos movimentos estratégicos feitos por vocês naquela época, nas inúmeras reuniões, nos documentos elaborados e datilografados, nas visitas a outras cidades, no enfrentamento público aos ataques feitos pelo estado…
As grandes jornadas elaboradas por vocês: Yêdo Ferreira, Lélia Gonzalez, Milton Barbosa, Hamilton Cardoso, Rafael Pinto, Neusa Maria Ferreira, Abdias Nascimento, Amauri Mendes, Lenny Blue de Oliveira, Fátima Ferreira, José Adão de Oliveira merece nada mais, nada menos do que respeito e admiração de nossa parte.
Nós, que estamos aqui hoje, porque vocês existiram, existem e iniciaram tudo antes de nós. Nós do MNU do Brasil, nos juntamos a um único pensamento: Obrigada, Yêdo Ferreira, nosso mais velho!
Respeitar as memórias do MNU é papel fundamental de todas, todos e todes. Nós não vamos abrir mão daqueles e daquelas de quem recebemos nossa história.
Já bastam os golpistas derrotados nas urnas de 2022, na figura triste de Sergio Camargo, que tentou destruir as memórias do povo negro na tentativa insana de destruir a Fundação Palmares, querendo apagar a nossa memória. Não faremos isso de jeito nenhum.
Nossa tarefa é, sim, oferecer um Projeto do Povo Negro para o Brasil. Reparação aos danos causados por esses quase 400 anos de escravidão. Essa é a nossa tarefa!
Viva o MNU!
Salve nossos mais velhos, salve nossas mais velhas!
Iêda Leal – Secretária de Gestão do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial do Ministério da Igualdade Racial.
[smartslider3 slider=43]