Desmatamento: Pantanal perdeu quase uma cidade do Rio de Janeiro nos últimos quatro anos
De 2019 a 2022, bioma teve mais de 100 mil hectares desmatados, revela levantamento do MapBiomas. Mato Grosso do Sul responde por quase totalidade da área desmatada.
Por Michel Esquer/ O Eco
O Pantanal atingiu a maior taxa de desmatamento do quadriênio no ano passado. Em todo o período (2019-2022), foram 101 mil hectares desmatados, o que equivale a quase o tamanho da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Os dados são do Relatório Anual do Desmatamento (Rad), publicado na última semana pelo MapBiomas.
Com 266 alertas de desmatamento validados, foram 31,2 mil os hectares devastados no bioma em 2022, área maior do que a capital da Noruega, Oslo. O número é 4,4% maior do que o registrado em 2021 (29,8 mil hectares), e o maior desde 2019 (13,9 mil hectares), quando o Rad começou a ser publicado.
Segundo o levantamento, o tamanho médio da área desmatada em cada um dos alertas de desmatamento no bioma foi de 117,3 hectares, o maior índice entre todos os biomas. Em segundo lugar neste ranking aparece o Cerrado, com 104,8 hectares desmatados, em média, por alerta.
Com 2,8 mil hectares, o maior desmate detectado naquele ano foi registrado em Corumbá (MS). Diferente em cada um dos biomas brasileiros, o pico do desmatamento no Pantanal aconteceu no início na primeira quinzena de junho de 2022, quando 113 hectares foram desmatados.
Conforme consulta de ((o))eco a plataforma MapBiomas Alertas, o estado de Mato Grosso do Sul responde por quase a totalidade do desmatamento no bioma. No ano passado, mais de 80% da área desmatada no Pantanal esteve concentrada no estado. Na análise ampliada, entre 2019 e 2022, o índice sobe para 90,1%.
Para o SOS Pantanal, os números refletem a permissibilidade da legislação de Mato Grosso do Sul, sobretudo por conta do Decreto 14.273/2015, conhecido como Decreto do Pantanal, que regulamenta a supressão de vegetação nativa no bioma. “É um decreto sem embasamento técnico e super permissivo para o desmatamento”, disse à reportagem o biólogo Gustavo Figueirôa, que é diretor de Comunicação e Engajamento do instituto.
Também contribui para o cenário a ausência de legislação federal específica para a proteção do bioma. “Faz-se urgente a promulgação da Lei Federal, conforme previsto pela Constituição Federal, que contemple todo o bioma e sua diversidade de hábitats, com base em evidências científicas e participação dos diversos setores da sociedade impactados”, declarou à mídia local do estado o diretor executivo da organização, Leonardo Gomes.