Em 20 anos, mais de 38 mil estudantes ingressaram na Universidade de Brasília por meio das cotas
A Universidade de Brasília (UnB) celebrou os 20 anos da implantação da política de cotas raciais na instituição.
Por Estudantes Ninja
A UnB foi a primeira universidade federal a adotar essa iniciativa. Desde 2004, mais de 38 mil estudantes ingressaram na universidade por meio do sistema de cotas. Inicialmente, 20% das vagas eram reservadas para candidatos negros, mas após a Lei de Cotas de 2012, a UnB passou a destinar 50% das vagas para estudantes de escolas públicas, considerando critérios de renda e raça, mantendo também 5% das vagas exclusivas para negros.
Durante a reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), Jonathan Gonçalves, representante dos cotistas da UnB, compartilhou como a política de cotas beneficiou sua educação. O vice-reitor destacou que as cotas foram o primeiro passo para reparar uma dívida histórica com a população negra, mas reconheceu que ainda há um longo caminho a percorrer.
“Minha família sequer tinha condições físicas, psíquicas, emocionais e culturais para tamanho apoio, suporte ou investimento à minha educação”, disse Jonathan Gonçalves.
Pesquisas internas mostraram que cerca de 12% dos estudantes se declaram pretos e 34% pardos, enquanto entre os docentes esses números são de 4% e 20%, respectivamente. Em 2020, a UnB estendeu as cotas para a pós-graduação, reservando 20% das vagas para candidatos negros e oferecendo pelo menos uma vaga adicional em todas as seleções de stricto sensu para indígenas e quilombolas. A reserva de vagas para docentes está sendo discutida no Cepe.
A reitora da UnB, Márcia Abrahão, compartilhou os desafios enfrentados pela universidade ao implementar as cotas raciais, incluindo uma contestação no Supremo Tribunal Federal (STF).
Permanência na universidade
Para a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, as cotas precisam ter como suporte políticas de incentivo à permanência dos cotistas na universidade:
“Quem é estudante sabe o quanto o dinheiro para as refeições, lanches e xerox são fundamentais para a gente se manter e viver estudando, sem precisar abandonar o estudo e correr atrás de outros modos de sobrevivência. É um auxílio fundamental para estudantes quilombolas, indígenas em situação de vulnerabilidade socioeconômica”.
Em fevereiro, o governo federal anunciou reajuste da Bolsa Permanência, com percentuais de 55% a 75%, o que não ocorria desde 2013. Atualmente, os valores vão de R$ 400 a R$ 900.
Fonte: Mídia Ninja Capa: Agência Brasil