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‘Entre Pretos’: projeto faz ensaio fotográfico com crianças negras

‘Entre Pretos': projeto faz ensaio fotográfico com crianças negras

As crianças contaram o que mais gostaram nessa experiência. Confira!

Da Redação Lunetas

Em agosto do ano de 2017, nasceu um projeto chamado “Entre Pretos“, idealizado pela fotógrafa Gabi Alves, do Rio de Janeiro para fotografar crianças negras. Em entrevista ao Lunetas, ela explicou que a ideia nasceu depois que, durante a cobertura de um evento de moda com um grupo de fotografia, ela percebeu que seus colegas brancos só fotografaram pessoas brancas. Ela, uma mulher negra, só havia fotografado pessoas negras.

“Foi então que eu comecei a enxergar que, se não for ‘nós por nós', ninguém irá nos enxergar.”

Tudo começou de forma despretensiosa com um ensaio feminino. Foram 19 com diferentes tons de pele e diferentes tipos de corpos. “Deu muito certo! Foi aí que criamos o projeto e começamos a pensar no próximo ensaio”, contou.

Como o mês das crianças estava chegando, decidiram focar em um ensaio com meninas e meninos negros. A princípio, seriam 15 crianças, mas, no final, apareceram mais de 40.

“Algumas crianças negras que estavam lá não tinham contato com outras crianças negras. Outras sofreram casos de e precisavam estar ali. No fim, várias delas começaram a se aceitar e a admirar seus cabelos. Recebemos muitos relatos positivos das mães”, disse Gabi.

Até o momento, o projeto já realizou cinco ensaios diferentes com crianças. Em um deles, a atriz Samara Felippo levou suas duas filhas, Alícia e Lara. A participação das meninas rendeu um vídeo para o canal da atriz, o Muito Além de Cachos.

Para esse episódio, Samara entrevistou outras mães que estavam presentes. Os relatos mostram as dificuldades de lutar contra o racismo cotidianamente com suas filhas e filhos e a importância de eventos como esse, que gera identidade, reconhecimento e autoestima em crianças negras.

As crianças também tiveram voz e contaram o que mais gostaram nessa experiência.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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