Era quase outro dia
Para tia Anizia
Por Iêda Vilas-Bôas
Era Quase outro dia
E, montando um cavalo baio
(Desses bem ligeiros)
Treinado para cuidar da lida e
Carregar linda dama
Cortou os céus do Sudeste brasileiro e partiu.
Ainda percebi poeira do galope
E avistei a dama,
Cabelo loiro esvoaçava na friagem e no vento
Certamente, não seguia feliz. Não era hora.
Um baque
Um silêncio
Uma dor pungente
Latente
No peito de quem fica
Pela frente: o infinito.
A dama – a mais bela – batom vermelho nos lábios
O coração – repleto de bondade – que bem sabe o Hospital de Barretos e outros lugares, por onde essa mulher espalhava caridade.
Coração pleno
De amor, delicadeza
Ternura
Presença constante
Corpo frágil
Força descomunal
Nos desafios
Partiu em desabalado galope a Tia Anisia – tia do acolhimento
Da mesa farta
Do sempre sorriso
Ainda a vi
Fechando uma porteira
E encerrando a terceira geração dos Villas Boas
Sobrou ninguém.
Segue, doce e bela amazona,
Conquiste o novo espaço que habita
Sua muita coragem será sua guia.
Sua baiana seguirá daqui
Rememorando
Seu jeito
Seus atos!
Siga, guerreira
Tia querida
Eternamente estrela!
Iêda vilas Boas – IVB
27/06/2021
NOTA DA REDAÇÃO: Anizia Vilas Boas foi atropelada na manhã do dia 26 de junho, em Fernandópolis, por um motoqueiro sem habilitação, quando saía de um laboratório, onde foi fazer um teste de covid, que deu negativo. Faleceu às 22h do mesmo dia 26. Deixa lindas memórias e imensa saudade.