Era uma vez um coqueiro alto chamado buriti
Era uma vez…
Por Adelino Machado
Era uma vez…
Um lugar onde corria água,
Mas chegou um homem e comprou.
Trouxe um operário e um trator.
Hoje, onde corria água, tem cinza!
Era uma vez…
Um lugar onde tinha um brejo.
Uma família de pés de BURITIS,
E muitos sapos a festejar.
Hoje, quem reside lá são eleitores!
Era uma vez…
Uma grota que escorria pela encosta.
Onde escondia à tarde, a coruja noturna,
E cantava o caburé adivinhador de chuvas.
Hoje, mal cheira nossos excrementos!
Um coqueiro alto chamado BURITI.
Que foi ficando solitário e triste.
Depois, desviaram o córrego para construir o bueiro.
Hoje, é apenas saudade em um triste poema…!
Nota do autor: Diante da tragédia ambiental que vivemos, ofereço mais uma vez esse poema, com intento de refletirmos sobre as ações das pessoas, das empresas e do poder público, que agindo “naturalidade” destrói tudo em benefício do dinheiro. Mas o que adianta dinheiro, poder, lucro, sem chuvas e sem água? Esse poema foi escrito no ano 2000.
MACHADO, Adelino Soares Santos. Suspiros poéticos do Nordeste Goiano. Editora e distribuidora de livros Planeta Ltda. – 1ª ed. Goiânia – GO, 2002, p. 82.
Adelino Machado – Escritor e poeta. Membro da Academia de Letras e Artes do Nordeste Goiano – ALANEG, cadeira 25.
O buriti ou miriti (nome cientifico: Mauritia flexuosa) é uma planta de ampla distribuição no território nacional. Pode alcançar até 30 metros de altura e ter um caule com espessura de até 50 cm de diâmetro. A espécie habita terrenos alagáveis e brejos de várias formações, sendo encontrada com muita frequência nas veredas, importante fitofisionomia do Cerrado.
O buriti floresce quase o ano inteiro, mas principalmente nos meses de abril a agosto. A produção de frutos é intensa: segundo dados da Embrapa, são produzidos cinco a sete cachos por ano, cada um destes com 400 a 500 frutos.
Existem buritis machos e fêmeas. Os primeiros produzem cachos que apenas resultam em flores; já no caso das fêmeas, as flores se transformam em frutos. Ainda assim, é preciso aguardar aproximadamente um ano para que os frutos estejam maduros e aptos para a colheita, o que acontece entre os meses de dezembro e fevereiro.
A casca dura do buriti é uma proteção natural contra predadores e contra a entrada de água. A polpa do fruto é saborosa e possui coloração alaranjada, sendo acompanhada, em geral, de um caroço, que é a semente da espécie. Em alguns casos, no entanto, podem ser encontrados dois caroços ou nenhum. A colheita do fruto é trabalhosa, requerendo que os frutos maduros sejam colhidos do chão, após terem caído naturalmente. Alguns coletores cortam os cachos no pé do buriti, assim que os frutos amadurecem e começam a cair.
O buriti fornece palmito comestível, mas pouco utilizado. O óleo da polpa é usado para frituras e sua polpa, depois de fermentada, se transforma em vinho. Também é possível encontrar produtos beneficiados como doces e picolés. Seus frutos podem ser utilizados ainda na alimentação animal.
Publicações para download