Jaques Wagner

Mas essa emoção ganha ainda mais intensidade quando sabemos que, além do talento nato da pequena gigante Rayssa Leal sobre seu skate e de toda a delegação brasileira, há um componente político, gestado no primeiro mandato de Lula como presidente da República – quando a nossa Fadinha nem sequer era nascida – que vem contribuindo para o tamanho, a qualidade e o sucesso da equipe nacional.

Trata-se do financiamento público do esporte do país, calcado em um tripé composto pelo Programa Bolsa Atleta, pela Lei de Incentivo ao Esporte e pela Lei das Loterias. Ao todo, foram aplicados R$ 24,69 bilhões no setor. Somados a convênios com estados, municípios e entidades, foram investidos R$ 28,5 bilhões nas últimas duas décadas.

Entre os três, o Bolsa Atleta se destaca por ser destinado diretamente ao atleta, enquanto as leis direcionam recursos para entidades ou projetos. O programa foi criado há exatos 20 anos, em 2004, logo no segundo ano do governo Lula, período em que atuei como ministro do .

Era o início de uma trajetória de sucesso, traduzido em números que chamam a atenção: o Brasil conquistou mais medalhas nas últimas 5 edições dos Jogos do que nas 15 anteriores, quando não havia incentivo público para os atletas ou para o esporte.

São dados muito relevantes. Ao longo de 80 anos, entre Antuérpia 1920 e Sydney 2000 (15 edições dos Jogos), foram 66 medalhas. Já nos últimos 20 anos, sem contar o resultado em Paris, foram 84 medalhas em 5 edições, entre Atenas 2004 e Tóquio 2021.

Nos Paralímpicos, a distância também é gritante: 106 medalhas em 8 edições anteriores contra 267 medalhas nas últimas 5 edições, reforçadas pelo investimento público.

O desempenho da delegação brasileira está diretamente vinculada ao Bolsa Atleta e seus próprios recordes. Desde a criação, foram 37 mil atletas e investimento de R$1,5 bilhão. Em 2023, o programa investiu R$ 121 milhões em atletas de modalidades olímpicas e paralímpicas, com inéditas 8.292 bolsas. Em 2024, o recorde foi novamente batido, com 9.075 atletas e investimento de R$ 160 milhões.

Além disso, o reajustou em 10,86% o valor das bolsas, demanda antiga dos esportistas, numa demonstração inequívoca de valorização do esporte como vetor de desenvolvimento das pessoas e do país.

E o que isso tudo tem a ver com os Jogos de Paris? A resposta impressiona: quase todos os atletas da delegação brasileira – 271 dos 276, ou 98% – já foram bolsistas do programa em alguma etapa da carreira, e 241 deles (87,3%) recebem a Bolsa Atleta atualmente, entre eles Rayssa Leal.

Em 27 das 39 modalidades em que o país está disputando, todos os atletas integram o programa, dividido em cinco categorias: Base e Estudantil, Nacional, Internacional, Olímpica e Paralímpica e Bolsa Pódio. O formato contempla desde iniciantes até os que atingem o chamado alto rendimento, com valores que variam de R$ 410 a R$ 16,6 mensais.

ESPORTE TAMBÉM É POLÍTICA
Reprodução/Revista Focus Brasil