Estudante cria plástico biodegradável com escamas e peles de peixes
Por Suzana Camargo
Durante uma visita a um mercado atacadista de peixes, a estudante de Design de Produtos, Lucy Hughes, de 23 anos, viu uma enorme quantidade de resíduos que eram jogados no lixo, como peles e escamas. Apesar de serem considerados ‘lixo‘, e geralmente descartados, ela sabia que eles contêm substâncias e propriedades importantes que podem ser usados na fabricação de outros produtos.
Durante meses, Lucy fez diversos experimentos utilizando esses resíduos orgânicos até que finalmente, conseguiu obter o que queria: um plástico biodegradável, mais resistente do que o tradicional, mas que se descartado no meio ambiente ou compostado, se desintegrará em quatro a seis semanas. E o melhor, sem deixar toxinas no solo.
O bioplástico criado pela estudante britânica, e chamado de Marinatex, foi o grande campeão do James Dyson Award, em 2019.
“Não faz sentido que usemos plástico, um material incrivelmente durável, para produtos com ciclo de vida inferior a um dia. E não sou só eu, há uma comunidade crescente de bioplásticos pioneiros, que estão trabalhando para encontrar alternativas à nossa dependência a esse material”, diz Lucy.
“Com Marinatex, estamos transformando um fluxo de resíduos no principal componente de um novo produto. Ao fazer isso, criamos um material consistente, transparente e ‘plástico’, com um ciclo de vida mais adequado ao planeta e ao uso como embalagens”.
Além das escamas e peles de peixes, a designer também adicionou à mistura algas vermelhas, que dão a liga final para que o bioplástico fique mais resistente.
“Os bioplásticos feitos apenas com algas se tornaram mais comuns, mas o problema que enfrentei durante o desenvolvimento das lâminas que fiz sem os resíduos de peixe (escamas e peles) pareciam simplesmente uma espécie de alga amassada”, conta a estudante.
“Eu precisava encontrar um material que deixasse a fórmula mais consistente. Minhas experiências iniciais envolveram outros tipos de dejetos de peixes, como conchas de mexilhão e esqueletos de crustáceos, antes de se fixarem nos resíduos de peixes. O resultado foi uma solução marinha de origem local”.
Segundo a Universidade de Sussex, onde Lucy estuda, pesquisas recentes têm demonstrado que alguns bioplásticos, como aqueles produzidos a partir de amido de milho fermentado, acabam não sendo compostáveis ou biodegradáveis, como prometido, permanecendo intactos após mais de três anos.
Além de se desintegrar mais rapidamente, o Marinatex tem um custo menor de produção e não requer um esquema de reciclagem novo para seu descarte.
Fonte: Conexão Planeta
*Com informações da Universidade de Sussex