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Projeto de estudantes paraenses utiliza a água como forma de mudar realidades sociais

Projeto de estudantes paraenses utiliza a água como forma de mudar realidades sociais

No ano em que o Brasil sedia o Fórum Mundial da Água, a Web Rádio Água destaca boas práticas relacionadas aos recursos hídricos espalhadas pelo país. A nossa série especial começa na região Norte, onde é promovido o projeto AmanaKatu. O nome vem do tupi-guarani e significa “chuva boa”, uma importante referência ao trabalho que desenvolvem.

O desenvolvimento de qualquer novo equipamento, seja ele eletrônico ou manual, exige pesquisa, preparo, testes e ação. O produto final não ganha vida sem passar por cada uma dessas etapas. Para fabricar um novo mundo, o processo é o mesmo. E é isso o que jovens vem fazendo na região Norte do Brasil, mais precisamente em Belém, capital do Pará, com a fabricação de mini-cisternas para o reaproveitamento de água.

A chuva, mesmo elemento que dá nome ao projeto, é fundamental no trabalho e serve como matéria-prima para que as cisternas funcionem. Uma ajuda para resolver um grave problema da região: a falta de água potável. Marivana Figueredo de Almeida, líder do projeto, relata a situação da água na localidade onde mora.

“Apesar de fazermos parte da região amazônica, que tem em água em abundância, ainda existe um paradoxo. Muita gente sofre com a inacessibilidade da água. Então desenvolvemos um sistema para a população urbana, de fácil instalação, porque a ideia é justamente essa: fazer a pessoa que comprou conseguir instalar.”

O projeto foi inspirado no Programa Sempre Sustentável, que também trabalha com a preservação da água e da natureza. Hoje o AmanaKatu faz parte da Enactus, uma instituição criada para apoiar empreendedores universitários.

Antes de ter esse apoio, eles participaram de alguns concursos e editais. Um deles foi o Desafio Inove+, considerado o maior prêmio de empreendedorismo universitário do estado do Pará. Durante seis semanas, o grupo se dedicou ao desenvolvimento do projeto, fabricando protótipos e montando modelos de negócios. Entretanto, o diferencial do AmanaKatu não está na engrenagem mecânica do produto final, mas sim, na parte humana que move o trabalho. Marivana explica melhor:

“Nós trabalhamos com uma comunidade de jovens de um movimento chamado República de Emaus, que tem aqui no norte. Esse jovens são capacitados para desenvolver a cisterna, e não ficarem só nisso. A ideia é que no futuro eles sejam donos da própria empresa. Gerenciem e façam tudo o que um empresário faz dentro do projeto AmanaKatu. Estamos capacitando eles para isso. São jovens que se encontram em situação de vulnerabilidade socioeconômica e não têm tanto acesso à educação tanto quanto a gente gostaria. Estamos dando capacitação para eles com esse objetivo. Não queremos que eles só montem as cisternas. Queremos que eles gerenciem e busquem outras coisas nas vidas deles. Que procurem novos horizontes.”

projeto estudantes paraenses agua realidade social 3 conexao planeta.jpg.pagespeed.ce .n c4pE98QPPrêmio recebido no Desafio Inove+

Cerca de vinte jovens fazem parte da equipe de fabricação das cisternas que ainda está em fase de validação. Apesar de já terem sido instaladas em algumas residências, a iniciativa está em fase de aprimoramento. Segundo a líder, o objetivo é produzir vinte sistemas até junho. Marivana deixa ainda um recado que precisa sair do Norte e atingir todas as outras regiões do mundo:

“Nós temos que preservar nossa água. Temos que fazer um uso consciente para termos um futuro melhor. A partir da água podemos ter ações empreendedoras e mudar vidas. A gente pode fazer isso através dos jovens. Salvar vidas é muito importante e fazer sistemas de captação de água da chuva não é uma perda de tempo. É algo muito importante para a nossa sociedade, preserva a energia da casa e muda a vida de pessoas. Estamos usando sistemas de captação de água da chuva não só para universalizar este recurso, mas também para mudar vidas de jovens que se encontram em situação vulnerável.”

Juntamente com outras 60 experiências de diversas partes do mundo, o projeto AmanaKatu estará representado no espaço “Mercado de Soluções”, durante o Fórum Mundial da Água. Os trabalhos mostrarão as tecnologias inovadoras com objetivo de compartilhar água de forma sustentável. Além disso, o time terá algumas reuniões com possíveis parceiros de outros estados.

projeto estudantes paraenses agua realidade social 2 conexao planeta.jpg.pagespeed.ce .ozmtZlJTj2Os jovens Empreendedores do AmanaKatu

ANOTE AÍ:

Texto publicado originalmente em 09/02/2018 no site da Web Radio Água.

Postado neste site por Carlos Caridade  Carlos Coutrim Caridade

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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