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Fake News da Extrema Direita ataca Julio Lancelotti

da Extrema Direita ataca Julio Lancelotti

A situação ficou mais grave quando a Revista Oeste, alinhada ao bolsonarismo, disseminou informações inverídicas sobre o religioso

Por Mídia Ninja

Nos últimos dias, uma onda de acusações atingiu o padre Júlio Lancelotti, conhecido por suas ações de caridade e defesa dos direitos das pessoas em situação de rua. Os ataques se intensificaram quando vereadores de assinaram um documento que propõe a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar ONGs atuantes na região da Cracolândia, entre elas, a qual o padre é vinculado.

Contudo, a situação ficou mais grave quando a Revista Oeste, alinhada ao bolsonarismo, disseminou informações inverídicas sobre o religioso e uma ligação por telefone com um suposto adolescente. Uma perícia atestou que não se trata do padre Lancelotti.

O perito Mário Gazziro, da Federal do ABC, analisou ponto a ponto e rebateu uma perícia encomendada realizada pelo bolsonarista Reginaldo Tirotti, sob encomenda do vereador Rubinho Nunes (PL), em que supostamente atesta a autenticidade do vídeo. Nunes é o autor do requerimento para abertura de CPI contra Lancelotti.

“Nós, os , estamos brigando pra tentar descobrir ferramentas pra detectar deepfake. Estão usando programas de inteligência artificial bem poderosos pra poderem detectar se um vídeo é fake ou não porque os humanos, por si só, não conseguem”, afirmou o perito Gazziro.

Elementos que Indicam uma Fake News

Fontes não confiáveis: A origem das informações suspeitas está ligada a posts virais em redes sociais, muitos compartilhados por perfis reconhecidos por disseminar fake news. Em casos de acusações graves, as fontes primárias deveriam ser inquéritos policiais ou processos judiciais, o que não ocorreu neste caso.

Falta de base legal: A ausência de registros policiais ou processos judiciais relacionados à acusação levanta dúvidas sobre a veracidade dos fatos. Casos sérios como esse geralmente são tratados pelas autoridades competentes, e a só está presente nas redes sociais.

Identificação difícil: O vídeo que supostamente incrimina o padre possui uma baixa resolução, um fato incomum em tempos de tecnologia avançada. Essa escolha pode dificultar a verificação da identidade das pessoas envolvidas, permitindo que qualquer pessoa com características vagas seja erroneamente associada ao religioso.

Reações da Sociedade

A abertura da CPI gerou reações intensas da opinião pública, de políticos e até mesmo de representantes do Supremo Tribunal Federal. Diante da fragilidade das provas apresentadas, alguns que pediam a abertura da CPI recuaram, enquanto outros intensificaram suas posições.

O padre Júlio Lancelotti, por sua vez, negou veementemente as acusações, afirmando ser alvo de uma campanha difamatória. Sua defesa destaca a falta de fundamentos legais e a presença de elementos que sugerem a manipulação dos acontecimentos.

Apesar de todos os indícios de notícia falsa, os deputados federais Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer, do partido de Jair Bolsonaro, o PL, intensificaram a campanha de desinformação

Perícia

Uma perícia independente conduzida por Mário Gazziro, de engenharia de na UFABC e instrutor de computação forense na USP, encomendada pela Revista Fórum e O de S.Paulo, concluiu que as acusações de pedofilia contra o Padre Júlio Renato Lancellotti são infundadas.

O analisou um vídeo compartilhado por apoiadores do MBL e bolsonaristas, desmentindo alegações feitas contra o religioso. Gazziro apontou falhas no laudo anterior, apresentado por Rafael Moreno, candidato derrotado a deputado estadual em São Paulo, destacando erros básicos e a falta de análise do material original.

O relatório atual sublinhou a falta de valor forense ou jurídico no laudo de 2020, que analisou um vídeo filmado da tela de um . Gazziro criticou a abordagem do perito Onias Tavares de Aguiar, mencionando a possibilidade de manipulação por tecnologias deepfake.

A conclusão da perícia é que as evidências indicam que os vídeos e montagens não pertencem ao Padre Júlio Lancellotti. Gazziro ressaltou que a montagem, edição e divulgação do material adulterado constituem um crime, implicando Rafael Moreno em possível infração legal por comunicar falsamente um crime às autoridades.

Fonte: Mídia Ninja Capa: Adriana Spaca


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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