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FAMÍLIA CAJUÍNA

FAMÍLIA CAJUÍNA

FAMÍLIA CAJUÍNA

Vovô Athos, sempre amei muito você, sempre ficava feliz vendo você olhando para o [seu gato] Léon e adulando o Fogão e os outros cachorros aí na roça. Eu rezei muito pra você ficar bem. 

Nilo Vaz Dias

Vovô Athos, nem te conto: você deixou uma saudade danada!

Paloma Vaz Dias

Não lembro o ano, mas o gesto de carinho é uma das melhores lições que guardo no peito. Minha mãe, Zezé, Joe, Thais e Athos, a quem sempre chamei de Coroa, nos convidaram, a Paloma, o Nilo, o Rodrigo e eu, para passar um final de semana com eles num hotel fazenda em Alexânia. Passeio inusitado, já que meus pais moravam numa fazenda e a Thais com o Coroa “viviam” lá todos os fins de semana. Na manhã do domingo, eles nos chamaram para dar uma notícia: os quatro decidiram viver e envelhecer juntos! A parte do viver já era fato consumado, um tanto óbvio, mas aquele foi um dos momentos mais felizes que vi nos olhos de minha mãe. Na prática, o que foi acontecendo naturalmente, ganhava formalidade. Thais e Athos compraram parte da fazenda e ali construíram seu lar, como combinaram, ao lado dos companheiros. Uma singela piscina brotou e serviu de muro invisível para a camaradagem de uma vida entre parceiros de crença, ideologia e existência! Exemplo de amizade que desconheço melhor e igual. Lição de vida! O Coroa passou este último ano lutando e resistindo, como era de seu costume, até descansar, na manhã de um dia 13, o número do seu PT, que ele amou sem medo de ser feliz! 

Clarissa Vaz Dias 

Athos foi para mim um porto-seguro, uma presença amiga e solidária. Eu o admirava pelo domínio fascinante que ele tinha sobre as palavras. Me sinto honrado por ter conhecido a carta poética que ele escreveu para Thais e que ela mantém emoldurada na parede do quarto deles. É uma das cartas mais belas e bem-escritas que eu já li. Penso que quem via o Athos ali na varanda da casa dele, tomando um whisky em silêncio com aquele sorriso sutil no rosto, jamais conseguiria imaginar o tamanho do talento que ele tinha.  Pois o Athos foi um dos seres mais desprovidos de ego que já conheci. Nunca se vangloriava do seu conhecimento, mesmo sendo extremamente culto. Nunca se exibia com respeito às suas realizações, mesmo sendo elas muitíssimas. Sua alma era, e acredito que continua sendo, a de uma pessoa humilde e terna, desprovida de vaidade. Sou muito grato ao Athos e à Thais por terem escolhido serem nossos vizinhos em Goiás. Contar com os dois sempre por perto, seja trocando uma prosa, tomando um café ou se ajudando mutuamente, foi um dos mais belos presentes que meus pais, Zezé e Joe, puderam ter na vida. 

Eduardo Pereira Weiss 

Conviver com Athos e com Thais aqui nessas terras do Bem-Querer, que na parte deles tem por nome Cajuína, foi sempre uma alegria e um grande aprendizado. Gratidão!

Janaina Faustino 

Nossa amizade começou cautelosa, porque o amigo, de início, era da Zezé. Depois, com o tempo, fomos nos aproximando, fomos compartilhando tanta coisa junto que, pra mim, o Athos virou mais do que um amigo, virou um irmão meu. Agora que o Athos se foi, ficou um vazio imenso. Mas também ficou muita lembrança boa dos tempos felizes que vivemos juntos aqui nesse sossego de roça. E ficou a convivência com a Thais, essa companheira-irmã tão forte e tão guerreira, com quem temos o privilégio de compartilhar as boas energias que o Athos deixou em nossas vidas. 

Joseph Weiss 

No começo dos mais de nove anos de convivência, seu Athos às vezes dizia: “Está faltando glamour nessa casa!” Daí eu tentava caprichar no que me tocava: enfeitava as saladas, as carnes, em especial o carneiro, servido com grão-de-bico, que ele me ensinou a fazer; além de sempre colocar um vasinho de flores sobre a mesa. Muitas vezes ele me pedia para ajudar no domingo porque tinha combinado de receber pessoas para o almoço. Daí, quando ele me via, me cumprimentava e acrescentava: “Léia, hoje é dia do Senhor e você está trabalhando. Sabe que você não vai pro céu, né?” De vez em quando, ele me ligava em fins de semana ou à noite e perguntava: “Léia, eu perdi contato com o chinelo que mais gosto. Você por acaso sabe onde ele está?” Nos últimos tempos, o assunto era outro: “Léia, estou ficando preocupado, olha esses armários, tem muito mais remédios do que bebida!” Seu Athos era assim, tinha sempre uma tirada para comentar sobre o dia a dia. Mas o que eu mais gostava mesmo era como ele me recebia toda manhã: “Seja bem-vinda, Léia!” E fazia questão que eu me despedisse dele ao ir embora. Agradeço, todos os dias, por ter encontrado o seu Athos em minha vida. Sempre generoso e gentil, o bom humor dele ainda contagia a casa, mas, confesso, ele está fazendo muita falta por aqui. 

Jaciléia Lima

Conheci o Athos no início dos anos 1980, quando, certa noite, Zezé bateu em nossa porta pedindo pouso para dois Athos de uma só vez: Athos Magno e Athos Pereira. Era tempo de fundação do PT em Goiás. Ele se destacava pela estatura, que logo descobri ter sentido lato. Athos não era só um homem alto, era um gigante no humanismo, na ação política transformadora, na liderança, na perspicácia, no humor inteligente, no conhecimento, no viver por uma causa inequívoca: fazer do Brasil um país melhor e mais justo. Era um ser humano de estatura imensurável. Desde aquele dia, Athos sempre esteve presente em minha vida; primeiro, pelo laço de irmandade construído com minha irmã Zezé e, depois, pela amizade e pela militância que me serviu, serve e servirá sempre como exemplo e inspiração. Valeu, companheiro! 

Lúcia Resende

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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