Florestas Estaduais: A preservação da vida na Amazônia

Florestas Estaduais: A garantia de preservação da vida na Amazônia (A experiência acreana) 

A criação das florestas estaduais está diretamente relacionada com os acreanos das décadas de 1970 e 1980. A defesa da floresta significava a preservação dos seus moradores para livrá-los da expulsão de suas terras e constitui-se no ponto chave para estimular, através da na Amazônia, o surgimento das

Por João Paulo Mastrângelo

As Florestas Estaduais são desdobramentos desse modelo de reserva para finalidades específicas, principalmente para o ordenamento territorial, conservação ambiental e produção sustentável, que atenda às aspirações dos seus moradores e garanta uma estratégia de regional. Esse, portanto, foi o propósito da adoção dessa modalidade de unidade de conservação no Acre.

O Acre defendeu a floresta por saber que estava defendendo a vida. Posteriormente foi aprimorando a estratégia de ordenar seus territórios, baseado em premissas de sustentabilidade para garantir a evolução das suas necessidades políticas econômicas e sociais. A essência dessa estratégia nasceu no seio das comunidades florestais acreanas e o Governo Estadual, a partir de 1999, captou esse sentimento, internalizou, aprimorou e o transformou numa pública com resultados comprovados.

A importância da criação das Florestas Estaduais contempla alguns aspectos fundamentais às na Amazônia:

  1. Ser fiel à elaboração de ordenamento adotada pela comunidade conforme o modo de vida tradicional das populações;
  2. Dialogar de maneira efetiva com as principais preocupações mundiais em relação à conservação da floresta amazônica;
  3. Fortalecer uma estratégia direcionada ao desenvolvimento regional, consciente de que essas florestas são a base da matéria-prima para as atividades econômicas em evolução no Estado;
  4. Tornar competitiva a de base florestal, com garantia de trabalho e renda no Estado.

A criação das florestas públicas não significa preservar por preservar. Com um de aproximadamente 500 mil hectares de Florestas Estaduais, o Governo do Estado do Acre pretende, nestas áreas, garantir a estrutura básica para a realização do manejo florestal de uso múltiplo, a prestação de serviços públicos de qualidade, além da manutenção das atividades extrativistas tradicionais e o desenvolvimento de uma familiar sustentável.

No caso específico do Complexo de Florestas Estaduais do Rio Gregório, localizado no Vale do Juruá ao longo da Rodovia Federal BR-364 entre os municípios de Cruzeiro do Sul e Tarauacá, teve como propósito demonstrar uma forma inteligente de se construir estradas na Amazônia, garantindo em primeiro lugar a mitigação de impactos ambientais decorrentes da pavimentação da estrada e contribuir para dinamizar a economia local com social.

A Floresta Estadual do Antimary foi o grande laboratório dessa experiência que está em fase de expansão no Estado. Nesta Unidade de Conservação, por exemplo, já é uma realidade a garantia de renda para todas as famílias a partir do manejo florestal sustentável. Além disso, a Floresta do Antimary tem se tornado uma das florestas tropicais mais estudadas no mundo, no que se refere à tecnologia aplicada ao manejo florestal exercendo, portanto, um papel chave na produção de conhecimento para todas as florestas tropicais do nosso planeta.

É importante lembrar que nós acreanos ainda temos grandes desafios em relação à conservação de nossas florestas. No entanto, a experiência acumulada com a criação da gestão de Florestas Estaduais no Estado do Acre confirma a viabilidade do modelo, atestando, desta forma, que importantes passos foram dados pelo Governo e a sociedade acreana em busca da sustentabilidade em todas as suas dimensões na Amazônia, que atualmente representa mais da metade das florestas tropicais remanescentes no mundo com a maior diversidade do planeta.

João Paulo Mastrângelo – Engenheiro Florestal, MSc, em “Acre – um estado florestal” – publicação do Governo do Estado do Acre – mandato do governador Tião Viana, sem data. Dada a pressão para a redução das reservas estaduais na Amazônia, o texto se faz necessário para a compreensão do que está em risco de perda.

Foto de Capa – Floresta do Antimary – El Pais. 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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