Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.

Vestígios Ameríndios no Arraial dos Couros

Vestígios Ameríndios no

A região onde o Arraial dos Couros foi erigido era já habitada por ameríndios desde, pelo menos, o quarto milênio antes da nossa era.

Embora nenhum traço desses habitantes tenha sido, até agora, encontrado em torno dos afluentes do rio Preto, no sul, inúmeros vestígios deles foram já descobertos na parte norte, correspondente, hoje, à zona por onde correm os afluentes do sistema Paranã-Tocantins. As dezenas de cavernas existentes às margens dos rios que correm para o norte, quase sem exceção, mostram sinais da existência do homem, ali, muito antes da chegada dos europeus e dos africanos, nos séculos XVI e XVII.

Como não se encontram referências a esses habitantes que precederam os índios atuais, nas descrições dos que por ali passaram, é quase certo que eles desapareceram (por migrações em massa, ou dizimados por fome, doenças e guerras) antes do povoamento pelo elemento afro-europeu.

Em caverna existente nas nascentes do rio Paranã, foram encontrados cravos de ferro misturados com machados de sílex e pontas de flecha feitas de osso. Tal associação, porém, não certifica, formalmente, o contato entre os habitantes primitivos e os migrantes do litoral e pode muito bem ter ocorrido acidentalmente, por terem sido as camadas arqueológicas alteradas por enchentes, ou outros eventos catastróficos.

Dessa forma, tudo indica que a região compreendida entre os rios Bandeirinha-Itiquira-Paranã estava vazia quando por ali passaram os primeiros exploradores, em busca de ouro, peles, ou, mesmo, pasto para a criação de gado e se estabeleceram no primitivo povoado de Santo Antônio, na junção do Itiquira com o Paranã, no início do século dezessete.

Desse povoado saíram, mais tarde, para viver perto da passagem seca ao lado da serra General (serra de São Pedro), onde, depois, foi estabelecido o registro da Lagoa Feia.”

O texto acima, excerto do livro Álbum de (2008), obra póstuma do jornalista e escritor formosense Alfredo A. Saad, dá conta dos vestígios da presença ameríndia na região onde se formou o Arraial dos Couros, hoje Formosa. Saad aponta para um espaço já vazio da presença de seus primeiros habitantes quando da chegada dos exploradores, nos séculos XVI e XVII.

Toca www.tripadvisor.com.br

 Secretaria de Turismo de Formosa/Divulgação. Sítio arqueológico Toca da Onça.

Embora os ameríndios já não estivessem aqui quando da formação do Arraial dos Couros, esses predecessores deixaram suas pegadas a menos de 10 km do Registro da Lagoa Feia. Em seu livro História da Terra e do Homem no Planalto Central  (Editora UnB, 2004), o historiador Paulo Bertram dá notícia daquele povo:

Segundo uma resenha dos professores Pedro Inácio Schmitz e Altair Sales Barbosa – “Arte Rupestre no Centro do ”, UNISINOS, 1984,  cadastram-se ali 29 pequenas grutas, complexo esse inserido em ecossistema de com mata próxima.

Em sete desses abrigos, tetos e paredes são pintados com figuras, em geral monocrômicas, em tons variados de vermelho, preto e, mais escassamente, com associação das duas cores. Predominam representações geográficas e, mais raramente, desenhos de pequenos animais e pisadas humanas. Seja em superfícies lisas ou irregulares,  as grutas de Formosa apresentam variado tratamento de desenho ou entalhe.

Para os pesquisadores, representações semelhantes às de Formosa encontram-se em Sete Cidades, no Piauí. Eis, portanto, que a presença dos nordestinos no Planalto Central pode ser muito mais antiga do que que sonha a nossa vã filosofia.”

Desse conjunto de achados pré-históricos no quintal do  Arraial dos Couros (arqueólogos e historiadores datam essa presença entre 12 e 4 mil anos),  o mais conhecido é o local chamado Toca da Onça, localizado a poucos quilômetros do cento da cidade, no caminho do . Ali, as pinturas rupestres  mostram animais, retratos rústicos do ser humano, representações do céu, o outros símbolos não identificados até o presente.

O Sítio Arqueológico da Toca da Onça encontra-se em terras de propriedade do fazendeiro Herculano Lêdo Filho, conhecido na cidade como Dô, que só permite visitas acompanhadas, a um custo de R$ 10 por visitante. Mesmo com o controle “da porteira” pelo proprietário, há relatos de depredação do local.
 
O  Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) vem tentando fazer o tombamento do local desde os anos 1970, quando pesquisadores goianos e cariocas do Projeto Bacia do Paranã, da Universidade Federal de Goiás (UFG), realizaram pesquisas na região.
Crédito: Secretaria de Turismo de Formosa/Divulgação. Sítio arqueológico Toca da Onça.
Secretaria de Turismo de Formosa/Divulgação. Sítio arqueológico Toca da Onça.
 
COMO CHEGAR À TOCA DA ONÇA

Saindo de Brasília: Pegue a BR-020, destino norte, até Formosa. Atravesse a cidade. Pegue a GO-116, em direção ao Salto do Itiquira. Ande 2 km pela rodovia asfaltada e entre no primeiro acesso à . Daí, siga a sinalização por  7 km, até chegar à porteira da Fazenda Pedra, onde ficam as grutas.  Antes da visita, é preciso agendar com o  Dô. Mais informações podem ser obtidas na:

Secretaria Municipal de Turismo

Endereço: Avenida Valeriano de Castro, nº 1131- Centro

Telefone: (61) 3981-1234 Horário de Funcionamento: 13:00 às 18:00

Toca da Onça 3Secretaria de Turismo de Formosa/Divulgação. Sítio arqueológico Toca da Onça.


Salve! Pra você que chegou até aqui, nossa gratidão! Agradecemos especialmente porque sua parceria fortalece  este nosso veículo de comunicação independente, dedicado a garantir um espaço de Resistência pra quem não tem  vez nem voz neste nosso injusto mundo de diferenças e desigualdades. Você pode apoiar nosso trabalho comprando um produto na nossa Loja Xapuri  ou fazendo uma doação de qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Contamos com você! P.S. Segue nosso WhatsApp: 61 9 99611193, caso você queira falar conosco a qualquer hora, a qualquer dia. GRATIDÃO!

PHOTO 2021 02 03 15 06 15 e1615110745225

Revista Xapuri

Mais do que uma Revista, um espaço de Resistência. Há seis anos, faça chuva ou faça sol, esperneando daqui, esperneando dacolá, todo santo mês nossa   leva informação e esperança para milhares de pessoas no Brasil inteiro. Agora, nesses tempos bicudos de pandemia, precisamos contar com você que nos lê, para seguir imprimindo a Revista Xapuri. VOCÊ PODE NOS AJUDAR COM UMA ASSINATURA? 

ASSINE AQUI

BFD105E7 B725 4DC3 BCAD AE0BDBA42C79 1 201 a e1615096642491

 

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA