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Goiás é onde mais morrem jovens negras no Brasil

Goiás é onde mais morrem jovens negras no

Por Iêda Leal

 

O Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência, divulgado ainda em 2017 pela Organização das Nações Unidas para a , a Ciência e a (UNESCO), em parceria com a Secretaria Nacional de Juventude e o Fórum Brasileiro de , revelou que Goiás é o brasileiro com a maior taxa de mortalidade de jovens negras no País.

Conforme apontou o levantamento, a taxa de homicídios entre mulheres negras e jovens entre 15 e 29 anos era bastante superior à das brancas nas 26 unidades federativas do Brasil, mas o caso mais dramático foi encontrado em Goiás, onde a taxa de mortalidade de jovens negras chegou a 13,8 por 100 mil.

De lá pra cá, não há informações atualizadas, mas pode-se supor que os números de hoje sejam ainda mais estarrecedores diante do aumento geral da violência, visto que vivemos sob o jugo de um governo autoritário, machista e racista.

É verdade que temos um mercado de trabalho sexista, racista e LGBTfóbico. Em 2016, a taxa de desemprego era de 10,4% entre mulheres e de 7,6% entre homens. No mesmo ano, 48,7% das mulheres recebiam menos que o salário mínimo. Entre os homens, o índice era de 36,7%. Infelizmente essa discrepância só tem aumentado em países dominados pelo neoliberalismo, como o Brasil. Assistimos ao fim das de atendimento e acolhimento das mulheres.

 

Desde 1992, quando ocorreu o I Encontro de Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana, o 25 de julho marca o Dia Internacional da Negra Latino-Americana e Caribenha, representando um marco internacional da luta e da resistência da mulher negra.

Como vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores no Estado de Goiás (CUT-Goiás) e Coordenadora Nacional do Unificado (MNU) desejo, antes de tudo, homenagear todas as mulheres, sindicalistas ou não, que são fundamentais para a construção da luta dos direitos da classe trabalhadora, por políticas sociais e no combate ao machismo e ao racismo.

Ao longo da história, estamos saindo da invisibilidade e promovendo os diálogos fundamentais que impulsionam as trajetórias de mulheres negras nos mais diversos campos de trabalho.

Daqui da Tailândia, onde participo do Congresso Mundial de Educação, chamei a atenção das mulheres negras aqui presentes para fazermos uma grande rede de proteção às nossas vidas. Temos que nos manter unidas para alcançar a vitória e derrotar o racismo.

Vidas Negras Importam!

ieda111Iêda Leal – Tesoureira do . Secretária de Combate ao Racismo da CNTE. Vice-presidenta da CUT-GO. Coordenadora Nacional do MNU. Artigo enviado em 25 de julho de 2019 desde a Tailândia, onde participou do Congresso Mundial de Educação.

 


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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