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Governo corta R$ 1 bilhão do INSS, instala caos e joga trabalhador num mar de sofrimento

Governo corta R$ 1 bilhão do INSS, instala caos e joga trabalhador num mar de sofrimento

Governo corta R$ 1 bilhão do INSS, instala caos e joga trabalhador num mar de sofrimento

Faltando pouco mais de dois meses para o fim do desgoverno de Jair Bolsonaro, é difícil dizer qual política pública não sofreu com o sucateamento, a negligência e a falta de investimento do governo federal. Da educação à saúde, da previdência social ao meio ambiente, o candidato à reeleição para a presidência tem agressivamente avançado sobre os recursos públicos, deixando o povo brasileiro e seu patrimônio entregues à própria sorte. A continuidade desse colapso pode aprofundar a crise instalada…

Por Michelle Guedes

Os reflexos do acinte de Bolsonaro sobre o INSS, por exemplo, são caóticos. O corte de quase R$ 1 bilhão levou ao fechamento de 30% das agências, e mais de dois milhões de pedidos estão aguardando liberação de aposentadorias, auxílios e benefícios. As perícias são um capítulo à parte, já que contribuintes aguardam mais de seis meses para serem periciados e o resultado, que antes saia até no mesmo dia, demora mais 40 dias para ser divulgado.

Via crucis sem fim

Os trabalhadores sentem na pele a crueldade de Bolsonaro quanto aos desinvestimentos na estrutura do INSS. Um colega, que não será identificado por questões de segurança, relatou que se viu obrigado a recorrer à justiça para ter seu direito previdenciário garantido. “No ano passado, passei por uma perícia e meu benefício foi rejeitado. Voltei para a empresa, que não aceitou o meu retorno, e eu tive que entrar na justiça contra o INSS para pleitear meu direito. Em nova perícia, porém, foi concedido o auxílio-doença, só que o pagamento veio reduzido pela metade do valor a que tenho direito. Sem contar que, até agora, o INSS não se pronunciou no processo que eu abri, mesmo o juiz aplicando uma multa e depois dobrando o valor”, desabafa ele. “Se a situação já estava ruim, ficou pior”.  

O calvário dele parece não ter fim. Ele afirma ainda que já tentou contato com o INSS de todas as formas e que não há concessão de benefício nem por meio de decisão judicial. “Tento contato com o INSS e não consigo. Enrolam para passar as informações, e quando passam ainda vêm erradas. A pessoa já não está bem e ainda passa por uma situação dessas. A gente não consegue honrar nossos compromissos. Desrespeito total com os contribuintes”, denuncia.

Intermináveis quatro anos de espera

Uma trabalhadora também contou os momentos difíceis que tem passado por causa do sucateamento do órgão. À reportagem, a trabalhadora, que prefere não se identificar, relata que está afastada do trabalho há mais de quatro anos por decisão judicial. “Em janeiro deste ano, o INSS resolveu cancelar meu benefício, sem passar pela reabilitação profissional, que está garantida na determinação do juiz. Diante disso, fiquei seis meses sem receber. Todas as minhas contas venceram, eu passei muita dificuldade. Quem me ajudou foi minha filha”, relatou. 

Indignada, ela revela que o descaso tem desencadeado dores de cabeça, no estômago e insônia. “Acordo no meio da noite preocupada se vou receber no mês que vem porque a cada dia que passa, o serviço prestado pelo INSS só piora”, desabafa.

É urgente que o Estado e o povo brasileiro voltem ao Orçamento da União, com o compromisso daquele que ocupará a presidência da República a partir de 2023 de reavivar a esperança com investimentos em educação, saúde, assistência social, previdência social e direitos humanos. É urgente também que os orquestradores e os beneficiados pelo orçamento secreto (nem tão secreto assim) sejam responsabilizadas pelo esvaziamento dos cofres públicos em detrimento de interesses individuais e eleitoreiros.

Block

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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