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Grileiros queimam casa de extrativista em reserva no oeste de Rondônia

Grileiros queimam casa de extrativista em reserva no oeste de Rondônia

Morador perdeu tudo no incêndio. Área que deveria ser protegida é desmatada e tem milhares de cabeças de gado.

Por Aldem Bourscheit/O Eco

A Polícia Civil investiga desde o dia 18 deste mês o possível incêndio criminoso da residência de um morador da Reserva Extrativista (Resex) Estadual do Rio Jaci-Paraná, nos municípios de Porto Velho, Campo Novo de Rondônia  e Nova Mamoré, no oeste de Rondônia.

Conforme o boletim de ocorrência obtido por ((o))eco, o extrativista denunciava crimes como retirada de madeira, grilagem e o envenenamento de cultivos. O mesmo documento registra que ele era ameaçado para deixar o local por gerentes e jagunços de uma fazenda de gado. 

Criada em 1996, a Resex é invadida constantemente por grileiros e agropecuaristas. Suas florestas são derrubadas e mais da metade dos extrativistas originais foram expulsos ao longo dos quase 30 anos, Poucas famílias resistem aos ataques criminosos, relatam ONGs. 

As mesmas entidades contam que seringueiras e castanheiras são derrubadas para encolher as fontes de renda dos extrativistas e empurrá-los para fora da área, que deveria ser protegida. Haveria serrarias operando na reserva. Balsas transportariam madeiras e gado para a capital Porto Velho. 

No fim de 2021, a Justiça de Rondônia julgou inconstitucional uma lei que reduziu em quase 220 mil ha o Parque Estadual de Guajará-Mirim e a Resex do Rio Jaci-Paraná. O encolhimento dessa última seria de quase 90%, de 191 mil ha para 169 mil ha.

Mais informações sobre os incessantes ataques à reserva extrativista e às suas populações podem ser conferidas no documentário “Exilados – extrativistas são expulsos à bala em Rondônia”, acessível no YouTube. 

Aldem Bourscheit – Jornalista. Fonte: O Eco. Foto: Christian Braga / Greenpeace (2020).

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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