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HINO DO SERINGUEIRO

HINO DO SERINGUEIRO

Hino do seringueiro  

Vamos dar valor ao seringueiro

Vamos dar valor a esta nação

Pois é com o desse

Que se faz pneu de carro e pneu de avião.

 

Fizeram a chinelinha, fizeram o chinelão

Inventaram a botina, pra cobra não morder

Tantas coisas da borracha que não tem explicação

Encontrei pedaço dela na panela de pressão.

 

Pneu de bicicleta não é requeijão

Não é carne de gado, pneu de caminhão

Não é chifre de vaca que se apaga letra, não!

São produtos da borracha, feitos pela nossa mão. 

Cancioneiro Popular

Foto de capa : Seringueiro extraindo látex de Seringueira – Seringal Vitoria Nova – LUI – Francisco Alves de Souza (Cosme). Foto: André Dib

HINO DO SERINGUEIRO
Reservas Extrativistas: Foto: Divulgação

Reservas Extrativistas

Em uma de suas gravações com Lucélia Santos, explica, didaticamente, o conceito das Reservas Extrativistas, apresentado por ele mesmo durante o I Encontro do CNS, em 1985, em

A proposta das Reservas Extrativistas é o seguinte: as terras [es]tão supostamente aí nas mãos dos grandes latifundiários. Em toda a área do Acre, apenas dez donos dominam todo o poderio de terras no Acre. Dez mandantes. 

O que nós queremos é o seguinte: É que essas terras passem para o domínio da União, que o governo desaproprie essas áreas, que elas passem para o domínio da União, não do , da União, e que elas se transformem em usufruto para os habitantes da floresta, ou seja, para os

E aí nós estamos colocando como proposta [o] cooperativismo, nós estamos colocando como proposta prioritária uma melhor forma de comercialização da borracha, a comercialização da castanha; nós queremos criar indústrias caseiras para se dar prioridade às outras riquezas porque, veja bem, quando nós defendemos a Reserva Extrativista, e quando nós defendemos e que nós apostamos que a Reserva Extrativista é economicamente viável para o Brasil, para a e para a , é que nós não defendemos simplesmente hoje só a da borracha, não só a economia da castanha, mas a copaíba, os produtos extrativistas que são vários em toda a região da floresta e que estão sendo destruídos: o coco da tucumã, o patoá, o açaí, a copaíba, outra série… falta pesquisa nessa Amazônia, as árvores medicinais que é impossível ser[em] contadas, falta pesquisa… 

Basta que o governo leve a sério e nos dê essa possibilidade que em pouco nós vamos provar que é possível se conservar a Amazônia e transformar essa Amazônia numa região economicamente viável para o Brasil e para o mundo. Isso, nós temos clareza disso!

HINO DO SERINGUEIRO
Foto: Instituto Lula

 

 

 

 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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