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Ilhas Cagarras: Pela primeira vez, em dez anos, nenhum lixo é encontrado em terra

Ilhas Cagarras: Pela primeira vez, em dez anos, nenhum lixo é encontrado em terra

Projeto de limpeza na Unidade de conservação no Rio atribui o resultado ao trabalho de conscientização no local, mas alerta para os resíduos encontrados no mar.

Por Júlia Mendes/O Eco

Após dez anos de atividades de limpeza na região do Monumento Natural das Ilhas Cagarras (MONA Cagarras), o Projeto Ilhas do Rio não encontrou nenhum tipo de lixo nas areias do local. Já no mar,  mergulhadores encontraram lixo pesado ligados à atividade pesqueira. Os resultados foram divulgados após mutirão de limpeza realizado nas Ilhas e na Praia do Leblon, no Rio de Janeiro, em homenagem ao Dia Mundial da Limpeza, comemorado no dia 23 de setembro. 

Segundo Tatiana Ribeiro, do ICMBio, um dos parceiros do projeto, a ausência de lixo encontrado na Unidade de Conservação indica um efeito positivo do trabalho de conscientização dos frequentadores do local. “Na área terrestre, onde em breve será implementada a trilha da Ilha Comprida, não foram encontrados resíduos, tampouco sinais de atividade de pesca, o que sinaliza que a comunicação sobre as restrições e as ações de fiscalização vem surtindo efeito para evitar usos indevidos na área terrestre da UC. E isso já é motivo para comemorar!”, diz.

Na coleta subaquática, entretanto, os resultados foram outros. Objetos vindos de embarcações como pneus, âncora, rede, linhas, anzóis e até panelas foram encontrados pelos mergulhadores nos arredores das ilhas. “A presença desse material no fundo do mar causa danos tanto à vida marinha quanto aos visitantes e mergulhadores, que podem se ferir com objetos como esses”, explica Tatiana.

Na Praia do Leblon foi coletado um total de 7 kg de lixo, segundo dados da Cooperativa Popular Amigos do Meio Ambiente (COOPAMA). Apesar da redução significativa em comparação aos 32 kg coletados em 2022, a equipe do projeto alertou para as quantidades de plásticos e guimbas de cigarro encontrados. “Esta análise quantitativa de cada tipo de lixo encontrado é importante para a criação de campanhas de conscientização mais assertivas, direcionadas para quem polui. Nesse caso, por exemplo, pode-se pensar numa sensibilização focada nos fumantes para que descartem as guimbas corretamente”, avalia Aline Aguiar, coordenadora técnica do projeto Ilhas do Rio.

Além do mutirão, um ponto de coleta seletiva de eletrônicos e óleo de cozinha foi montado no Posto 11 da praia. Segundo o projeto, foram coletados um total de 200 kg de eletrônicos e 5 L de óleo. 

Júlia MendesJornalista. Fonte: O Eco. Foto: Projeto Ilhas do Rio.

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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