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Desmatamento na Amazônia explode em 2019

na explode em 2019

Por Observatório do Clima/Conexão Planeta

Em que pese todo o esforço do governo federal para assassinar o mensageiro, a mensagem segue dramática: o desmatamento na Amazônia cresceu 49,5% em 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro. Os dados são do Deter, o sistema rápido de alertas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que nos últimos dias foi vilipendiado por Jair Bolsonaro e pelo seu ministro do , Ricardo Salles.

A série anual do Deter de 2019 foi encerrada ontem pelo Inpe, que postou os dados na internet, no portal TerraBrasilis, como faz desde 2017. O desmatamento em julho foi o pior mês da série histórica do Deter-B, com 2.254 quilômetros quadrados de alertas – alta de 278% em relação a julho do ano passado. É mais do que o dobro do observado no pior mês do Deter até então, agosto de 2016, que havia registrado 1.025 km2 de alertas.

De agosto de 2018 a julho de 2019 (o desmatamento sempre é medido nos 12 meses de agosto de um ano a julho do ano seguinte), o Deter viu 6.833 quilômetros quadrados desmatados, contra 4.532 quilômetros quadrados no ano passado (agosto de 2017 a julho de 2018).

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A taxa oficial da destruição será dada no fim do ano pelo sistema Prodes, também do Inpe. E mostrará um quadro ainda mais grave. Isso porque o Deter é um sistema “míope”, que não é feito para calcular a área desmatada, mas sim para orientar a fiscalização do Ibama. Para isso, ele faz detecções de desmatamento em tempo quase real, só que com resolução bem mais baixa que a do Prodes. Portanto, parte do desmatamento o sistema simplesmente não pega.

É muito difícil extrapolar dados do Prodes a partir do Deter, devido às diferenças de resolução. Mas, apenas como experimento mental, se o Prodes mostrar uma alta percentual equivalente à do Deter, o país verá um desmatamento de 11.200 km2 em 2019. Será a primeira vez desde 2008 que o número fica em cinco dígitos.

A explosão do desmatamento neste ano fez o ministro Salles operar a fritura do diretor do Inpe, Ricardo Galvão, e acelerar planos que nutria desde o começo do governo de contratar um novo sistema de sensoriamento remoto que ele possa controlar. A senha para a exoneração de Galvão aconteceu no último dia 19, quando Bolsonaro disse que os dados do Inpe eram mentirosos e que o diretor, um físico de 71 anos com doutorado no MIT, estaria “a serviço de alguma ONG”.

Na quinta-feira passada, Salles fez uma tentativa de descredenciar o Inpe, mostrando numa coletiva no Palácio do Planalto um PowerPoint que supostamente mostrava erros em 50% das detecções do Deter de junho. O Inpe jamais recebeu o estudo no qual a apresentação se baseava, para compará-lo ao Deter. Galvão foi demitido no dia seguinte. Em 05/08, o governo anunciou seu substituto interino, o militar da Aeronáutica Darcton Policarpo Damião.

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O sistema Deter foi criado em 2004 é considerado um dos responsáveis pela redução da velocidade do desmatamento da Amazônia – que caiu em 83% entre 2004 e 2012. Ele fornece alertas diários que são usados pelo Ibama para mandar equipes de fiscais a campo autuar desmatadores e impedir o crime ambiental. Segundo dados do Alerta, que usa imagens do Deter e de outros sistemas de detecção rápida, 95% do desmatamento da Amazônia é ilegal.

No governo Bolsonaro, porém, essa ação de fiscalização foi arrefecida, seguindo a ordem presidencial de “meter a foice no Ibama” e “tirar o Estado do cangote de quem produz” (sic). O número de operações do órgão na Amazônia caiu 70% entre janeiro e abril. O número de multas aplicadas pelo Ibama por desmatamento na Amazônia de janeiro a julho deste ano caiu 14% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo levantamento feito pelo OC na base de dados do órgão.

O ataque do governo Bolsonaro não é o primeiro sofrido pelo Deter. Em 2008, quando os alertas de desmatamento também dispararam, o então governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, questionou publicamente o dado a partir de uma interpretação das imagens de satélite paga por ele. A checagem dos alertas in loco mostrou que o Inpe estava certo.

Fonte: Conexão Planeta

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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