JUSTIÇA PARA ARI-URU-EU-WAU-WAU!
Cerca de quatro anos após a morte do ambientalista e professor Ari-Uru-Eu-Wau-Wau, o acusado do homicídio, João Carlos da Silva, preso desde 13/07/2022 (dois anos depois do crime), será levado ao Tribunal do Júri no dia 15 de abril, na comarca de Jaru, em Rondônia, quando esta edição da Revista Xapuri já estará em circulação.
Por Zezé Weiss
Professor na aldeia 621, Ari Uru-Eu-Wau-Wau fazia parte da equipe de Vigilantes Guardiões, que protege o território indígena de seu povo, combatendo as invasões de madeireiros e grileiros. Indígenas, ambientalistas e defensores/as dos direitos humanos dão como causa do assassinato as denúncias que ele fazia da extração ilegal de madeira dentro do seu território, a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau.
Ari Uru-Eu-Wau-Wau, foi assassinado na noite do dia 17 para o dia 18/04/2020, com quatro golpes na cabeça. Seu corpo foi encontrado na manhã do dia 18; de acordo com a polícia, com sinais de lesão contundente na região do pescoço, que ocasionou uma hemorragia aguda, porém sem sinais de autodefesa, razão por que foi levantada a hipótese de que teria sido dopado e agredido até a morte. Ari Uru-Eu-Wau-Wau tinha apenas 33 anos.
O assassinato de Ari Uru-Eu-Wau-Wau fez de sua luta referência em Rondônia, no Brasil e no mundo. Seu nome foi citado e sua memória homenageada por Txai Suruí em seu discurso na abertura da COP26 (Conferência da Cúpula do Clima), realizada em Glasgow, no Reino Unido, entre os dias 1 e 12/11/2021.
Em janeiro de 2023, um mural do artista Mundano, de 618 m², pintado com terra e cinzas de queimadas da Amazônia, passou a fazer parte da paisagem da cidade de São Paulo. Localizado na lateral de um prédio na rua Quintino Bocaiuva, a poucos metros da Catedral da Sé, serve de alerta para a situação de vulnerabilidade das lideranças indígenas, das comunidades extrativistas e de ambientalistas que defendem a Amazônia, o meio ambiente e os povos da Floresta.
ATUALIZAÇÃO DO CASO
No dia 15 de abril, o Tribunal do Júri de Jaru (RO) condenou o comerciante João Carlos da Silva a 18 anos de prisão pelo assassinato do líder indígena. Em um julgamento que durou cerca de 12 horas, João Carlos foi condenado por homicídio duplamente qualificado e deverá cumprir a pena em regime fechado.
Zezé Weiss – Jornalista. Editora da Revista Xapuri. Capa:Ari Uru-Eu-Wau-Wau é homenageado em pintura de 600 m² no Centro de São Paulo — Foto: André D’Elia