JUSTIÇA PARA JOANILDE GUAJAJARA, ASSASSINADA NO MARANHÃO

JUSTIÇA PARA JOANILDE GUAJAJARA, ASSASSINADA NO MARANHÃO

Justiça para Joanilde Guajajara, vítma de feminicídio no

Joanilde Rodrigues Paulino Guajajara, , profissional da (técnica de enfermagem), mãe de duas ,  foi assassinada em sua própria casa, em Amarante, no Maranhão, a golpes de faca, por uma marido ciumento que, segundo informações da TV Mirante, do Maranhão, já responde por outro feminicídio.

JUSTIÇA PARA JOANILDE GUAJAJARA, ASSASSINADA NO MARANHÃO
Joanilde Paulino Guajajara foi assassinada com um golpe de faca — Foto: Reprodução/Midia do Maranhão

O ssuposto assassino, identificado pela Polícia Civil do Maranhão (PC-MA) como Wendel Machado, fugiu após o crime e está sendo buscado pela PC-MA. 

Ele também é suspeito de ter assassinado  a companheira Carla Tayra Sousa de Oliveira, de 19 anos, em Imperatriz, município localizado a 636 km de São Luís, também a facadas, no ano de 2021. 

Pela morte de Carla Tayra, Wendel ficou preso por menos de seis meses, mas foi solto sem ter sido julgado pelo crime de feminicídio.

Em Amarante, segundo matéria do portal G1, o assassino responde por  por lesão corporal contra Joanilde e uma enteada, em 2014, e foi condenado por porte ilegal de arma de uso permitido em em Amarante do Maranhão, no ano de  2023.

JUSTIÇA PARA JOANILDE GUAJAJARA, ASSASSINADA NO MARANHÃO
Ministra Sonia Guajajara – Foto: Governo Federal

MANIFESTAÇÃO DA MINISTRA SONIA GUAJAJARA 

Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, ela também uma mulher Guajajara, expressou, pelas ,  produnda tristeza e revolta pelo assassinato de Joanilde,  mais uma vítima de feminicídio no , que era do Território Indígena Arariboia, e foi morta pelo próprio marido, dentro de casa.

“Joenilda (sic), jovem mulher indígena, mãe, técnica de enfermagem é mais uma vítima do feminicídio em nosso país. Não podemos aceitar que situações como essa continuem acontecendo, que percam suas vidas dia após dia em uma cultura machista que viola nossos corpos e nos violenta diariamente”.

Joanilda Guajajara assassinada nota de pesar

NOTA DE PESAR DA FUNAI 

A Fundação Nacional dos (Funai) recebeu com indignação a notícia do falecimento de Joanilda Rodrigues, indígena do povo Guajajara, vítima de feminicídio. O crime ocorreu na quarta-feira (21), na cidade de Amarante do Maranhão (MA), e a suspeita é de que tenha sido cometido pelo marido de Joanilda. 

Não bastasse o histórico de sofrido pelos povos indígenas ao longo dos séculos, as mulheres indígenas agora enfrentam barreiras para viver em paz e seguras nas suas próprias casas, situação que a Funai repudia veementemente. 

A Funai se solidariza com familiares de Joanilda e com o povo Guajajara e manifesta condolências pela perda, na expectativa de que o responsável por esse crime brutal seja devidamente responsabilizado.  Assessoria de Comunicação/Funai

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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