Juventude Negra: Reagir à violência é o caminho
Por Iêda Leal
Era o primeiro dia do mês de setembro. Na pacata cidadezinha de Monte Alegre de Goiás, um jovem negro tentava voltar pra casa. Ozenildo Dias Soares, professor da Comunidade Quilombola Kalunga, foi violentamente atacado por um aspirante a PM. Por ser negro, Ozenildo entrou para as estatísticas da violência que a cada 23 minutos assassina um jovem negro no Brasil. Em nota, o Movimento Negro Unificado (MNU) exige justiça para Ozenildo e punição para o agressor. A seguir, a nota do MNU:
MNU EXIGE PUNIÇÃO PARA POLICIAL QUE ESPANCOU
E BALEOU JOVEM NEGRO, PROFESSOR DO QUILOMBO KALUNGA
O Movimento Negro Unificado (MNU) expressa seu profundo repúdio e exige punição rigorosa à violência policial sofrida por Ozenildo Dias Soares, jovem negro de 25 ano e professor da Comunidade Quilombola Kalunga, que foi covardemente espancado e baleado por um aspirante à Polícia Militar de Goiás na noite do último dia 1º de setembro, em Monte Alegre de Goiás.
A ação truculenta e injustificada foi marcada por intimidações, disparos de armas de fogo e golpes violentos contra Ozenildo que, pela gravidade dos ferimentos, precisou ser transferido para uma unidade hospitalar de Goiânia, para a realização de procedimento cirúrgico.
O aspirante a PM já estava agredindo violentamente o menor R.F.R. quando Ozenildo tentava passar por uma rua, mas não conseguiu, porque outro veículo estava parado, bloqueando o tráfego. O jovem foi obrigado a descer do carro pelo policial que, sem nenhum motivo, passou a agredi-lo na cabeça e no rosto com uma arma e, depois, já fora do veículo, atingiu seu braço com tiros.
Mesmo ferido, Ozenildo conseguiu correr e foi levado por populares para o Hospital de Monte Alegre, mas o agressor ainda perseguiu o professor e o ameaçou de morte, já dentro do hospital.
O jovem negro Ozenildo foi vítima de uma ação violenta, inaceitável, que está, infelizmente, presente no cotidiano dos jovens negros no país, nos grandes centros e no interior, e que revela as marcas perversas do racismo, que na maioria dos casos termina no assassinato da juventude negra. A cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado no Brasil pelo simples fato de ser negro.
O MNU manifesta seu apoio e sua solidariedade ao companheiro, vítima desses crimes de lesão corporal, tentativa de assassinato e ameaça de morte, e exige das autoridades competentes a apuração urgente e rigorosa do caso, bem como o cumprimento das devidas providências.
REAJA À VIOLÊNCIA RACIAL!
PELA PUNIÇÃO DO POLICIAL!
CONTRA O EXTERMÍNIO DA JUVENTUDE NEGRA!
PUNIÇÃO!
REAGIR À VIOLÊNCIA É O CAMINHO!
MNU
42 ANOS NA LUTA CONTRA O RACISMO E PELA VIDA
Iêda Leal – Coordenadora Nacional do MNU. Tesoureira do SINTEGO. Manifesto lançado pelo MNU em 21 de março de 2020.
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